O El Bercial, um colégio público na cidade de Madrid, quer que os seus alunos, a partir dos três anos, usem iPads já no próximo ano letivo. O aparelho, que a escola quer exigir já a partir do próximo ano, custa mais de 600 euros.
De acordo com o jornal espanhol El Boletin, o colégio quer que os seus alunos tenham o equipamento já em setembro para dar início a um novo projeto, o “One to One”, que obriga à utilização de um iPad personalizado.
O colégio quer assim que os pais adiram à marca Apple e comprem o iPad para os filhos, tendo em conta que esta marca é a melhor opção “pelo software e a duração real da bateria durante toda a jornada escolar”, pode ler-se no jornal espanhol.
A iniciativa gerou desde logo críticas: “Há um grande custo e riscos para a saúde. Pode prejudicar a vista e criar um vício”, disse um pai ao diário espanhol.
“Um dos princípios básicos da educação pública não é respeitado: a gratuidade da mesma”, apontam os pais numa carta enviada à direção da escola. “Algumas famílias não conseguem lidar com o valor de uma despesa que é obviamente desproporcional”.
Contactada pelo diário espanhol, a escola disse que a iniciativa faz parte da “metodologia de trabalho” do colégio e que a informação sobre o projeto está “toda na internet”. As informações em causa deixaram de estar disponível no site oficial do colégio depois de as primeiras notícias se tornarem públicas.
As famílias, que dizem respeitar a metodologia, entendem como é que esta implica a compra de um “recurso tecnológico tão específico”. “Afirmações como ‘ficarão atrasados se não comprarem’, como o diretor apontou na reunião não fazem mais do que influenciar a ideia do tal recurso como um fim e não como uma ferramenta, bem como um motivo de exclusão em vários níveis”, apontam, pedindo que a exigência seja revista.
“Uma escola pública é de todos e para todos e o facto de impor ferramentas educacionais a alto custo significa excluir e expulsar da escola as famílias que não podem pagar por esse luxo”, critica uma família em declarações ao diário.
Naquela cidade espanhola, de acordo com fonte do Conselho de Educação da Comunidade de Madrid, são as próprias escolas a explicar os projetos educativos que idealizam, porque têm autonomia para a planificação anual. Quando os pais não estão de acordo com algum projeto, a solução passa, segundo a mesma fonte, por mudar os filhos de escola.