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Excesso de cocaína nos rios deixa enguias hiperactivas e em risco de extinção

A presença de vestígios de drogas, nomeadamente cocaína, em rios e lagos da Europa está a pôr em causa a sobrevivência das enguias. A conclusão é de um estudo que apurou que estes animais aquáticos ficam hiperactivos e com severos danos em contacto com a substância.

Vários estudos têm apontado como os rios e lagos europeus têm vestígios de drogas, como cocaína e ecstasy, que chegam aos cursos de água através dos sistemas de tratamento de águas residuais.

Uma equipa de biólogos da Universidade de Nápoles Federico II, em Itália, resolveu estudar o impacto de uma dessas drogas, a cocaína, na vida das enguias. E a conclusão é de que “todas as principais funções destes animais podem ser alteradas“, como explica a investigadora que liderou o estudo, Anna Capaldo, na The National Geographic.

Os investigadores colocaram enguias em águas contendo cocaína equivalente à que foi encontrada nos rios europeus, durante 50 dias.

“As enguias expostas a cocaína pareciam hiperactivas, mas mostravam o mesmo estatuto de saúde geral de outros grupos”, explicam os biólogos no estudo que foi publicado no jornal científico Science of the Total Environment. Contudo, “os seus músculos esqueléticos mostraram evidências de lesões graves, incluindo colapso muscular e inchaço”, frisam.

“Estas mudanças ainda estavam presentes 10 dias depois da interrupção da exposição à cocaína”, refere ainda o estudo, notando que a cocaína se acumulou no cérebro, nos músculos, nas guelras, na pele e em outros tecidos dos animais.

A conclusão é que, “mesmo concentrações ambientais baixas de cocaína, causam danos severos à morfologia e fisiologia do músculo esquelético da enguia prateada”, o que reflecte o “impacto nocivo” desta droga na “sobrevivência” da espécie, relevam os autores da pesquisa.

“Causa especial preocupação o facto de a cocaína ter aumentado os níveis de cortisol, uma hormona de stress que induz o consumo de gordura”, explica Anna Capaldo na The National Geographic. “O problema é que as enguias europeias precisam de acumular gordura antes de migrarem para o Mar dos Sargaços para se reproduzirem, e níveis mais altos de cortisol podem atrasar o tempo dessa jornada”, frisa a investigadora.

As enguias passam entre “15 a 20 anos em águas frescas ou salobras em cursos de água europeus, antes de atravessarem o Oceano Atlântico para desovar no Mar dos Sargaços, a leste das Caraíbas e na costa leste dos EUA”, como explica a The National Geographic.

O inchaço ou colapso muscular provocado pela cocaína podem impedir as enguias de sequer conseguirem chegar ao Mar dos Sargaços.

Outro problema prende-se com os níveis elevados de dopamina que podem impedi-las de atingirem a maturidade sexual, pelo que “a reprodução das enguias poderia ser prejudicada”, nota Anna Capaldo.

A população selvagem de enguias é considerada “criticamente ameaçada” devido a factores como barragens, pesca excessiva e a poluição das águas.

ZAP //

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