O circo alemão Roncalli já foi como qualquer outro: um local de encontro para pessoas de todas as idades, com apresentações de palhaços e trapezistas, que incluíam também animais. No entanto, o circo decidiu lutar contra o abuso da vida selvagem, substituindo animais reais por hologramas 3D.
Fundado em 1976, o circo itinerante tem sido uma atração popular na Alemanha há décadas. Nos primeiros tempos, os fundadores Bernhard Paul e André Heller não pensaram duas vezes em usar animais reais como parte do espetáculo, noticiou o All That’s Interesting na quarta-feira, citando o Metro.
Contudo, os tempos mudaram. Com um investimento de mais de 500 mil dólares (cerca de 444 mil euros), Bernhard Paul trabalhou no aperfeiçoamento de uma abordagem moderna, que elimina os animais reais dos ‘shows’. Os efeitos visuais são alcançados através do uso de 11 projetores, disponibilizados ao redor da sala para que todo o público possa ver a mesma representação, de diferentes ângulos.
As imagens holográficas não são apenas caras e tecnologicamente impressionantes, mas enormes em escala. O palco do circo Roncalli, no qual as apresentações acontecem, tem 32 metros de largura e 4,8 metros de profundidade, permitindo que os elefantes digitais andem à vontade, com espaço para passear.
De acordo com a Bored Panda, a agência do circo Roncalli fez uma parceria com as empresas Bluebox e Optoma para obter os efeitos especiais.
“Temos usado os projetores Optoma por seis anos e temos consistentemente uma experiência muito positiva quanto ao preço, ao desempenho e à confiabilidade”, disse Birger Wunderlich, da Bluebox.
Atualmente, a projeção mostra cavalos, elefantes e peixes dourados. A decisão do circo de se distanciar da prática problemática de manter os animais selvagens em cativeiro resultou numa maré de elogios nas redes sociais.
Embora não existam ainda planos anunciados de expandir a programação holográfica para outros tipos de animais, esse apoio inicial maciço à nova abordagem pode levá-los a ampliar a prática.
Jan Creamer, presidente da organização internacional Animal Defenders, apoiou publicamente a nova técnica. “Este é o futuro do circo: uma ‘performance’ que todos podem desfrutar e para os quais seres inteligentes e conscientes não são usados e representados como objetos de entretenimento”, afirmou.
No mês passado, no Reino Unido, um projeto de lei passou a proibir os circos de utilizar animais selvagens nas suas apresentações, legislação que entrará em vigor em 2020. Com o objetivo de refinar o circo tradicional com as sensibilidades modernas em movimento, o Circo Roncalli pode ser visto como um pioneiro.