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Cigarros eletrónicos de cocaína podem ajudar a combater dependência

Dois investigadores querem criar um cigarro eletrónico de cocaína. A invenção pode ajudar a combater a toxicodependência, acreditam os especialistas.

Todos nós conhecemos os cigarros eletrónicos. Muitos fumadores optam por passar a usá-los por não conterem tabaco. O cigarro eletrónico é um dispositivo que produz um vapor, e normalmente contém nicotina, solventes, aromas e outros aditivos.

As consequências para a saúde do seu uso há muito tempo que são debatidas. Enquanto alguns argumentam que o vapor é menos nocivo do que o fumo do tabaco, outros defendem que traz outros problemas. Em alguns casos, já foram detetados carcinógenos, por exemplo.

Embora o seu uso divida os especialistas, já quem queira transportar a ideia para a droga. É o caso de Fabian Steinmetz e Heino Stöver, que criaram o conceito de um cigarro eletrónico de cocaína.

Os investigadores dizem que tal dispositivo pode mitigar os danos de fumar cocaína, reduzindo o risco de overdose e morte. O design do dispositivo seria bastante semelhante ao dos típicos cigarros eletrónicos, com a particularidade de levar cocaína em vez de nicotina.

Usar os vaporizadores para fumar cocaína não é propriamente algo novo, mas Steinmetz e Stöver estão a tentar criar um dispositivo próprio para o efeito. O importante agora é perceber se realmente pode ajudar as pessoas a mitigar a sua toxicodependência.

“Pode ser alguma coisa entre crack e snifar cocaína, mas se ajuda metade das pessoas, então ajuda metade das pessoas”, disse Steinmetz à Discover Magazine. “A coisa mais prejudicial sobre os estimulantes é que as pessoas usam-nos continuamente”, acrescentou o toxicólogo.

As partículas aquecidas do crack podem causar danos aos pulmões, às vezes chamados de “pulmão de crack”, algo que um vaporizador resolveria.

O conceito de Steinmetz seria um modelo de prescrição médica, algo que poderia ajudar a combater o número de overdoses.

O estudo foi recentemente publicado na revista científica Drug Science, Policy and Law.

A descriminalização da cocaína para este efeito também seria uma possibilidade. O investigador salienta que muitos estudiosos “negligenciam quanto dano a proibição está a infligir direta ou indiretamente às pessoas”.

Mark Tyndall, professor de saúde pública da Universidade da Colúmbia Britânica, está a levar a cabo um programa de fornecimento seguro em Vancouver, usando máquinas de venda automática. Atualmente, Tyndall prescreve hidromorfona injetável a 70 pacientes, mas planeia expandir o programa.

Muitos dos seus pacientes reduziram o uso de drogas ou pararam completamente de comprá-las nas ruas.

“As pessoas param de usar drogas quando encontram algo melhor”, diz Tyndall. “E não oferecemos muito melhor às pessoas, apenas continuamos a puni-las”.

Daniel Costa, ZAP //

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