Uma equipa de investigadores desenvolveu um estranho e único sotaque após passar seis meses isolada na Antártida.
Viver na Antártida traz consigo o seu próprio conjunto de desafios e surpresas. Para um grupo de investigadores internacionais e pessoal de apoio isolado durante seis meses na estação de investigação Rothera do British Antarctic Survey, surgiu um fenómeno inesperado: o desenvolvimento de um sotaque antártico único.
O estudo, inicialmente relatado na BBC por Richard Gray, esclarece como o isolamento e as comunidades unidas podem levar a mudanças linguísticas, lembrando os sotaques que surgiram quando os falantes de inglês colonizaram novos territórios.
Durante o seu isolamento do mundo exterior, 26 indivíduos de diversas origens passaram seis meses na estação de investigação, onde o acesso ao mundo exterior era limitado e as chamadas por satélite eram dispendiosas.
Este isolamento proporcionou aos investigadores uma rara oportunidade de observar mudanças linguísticas num ambiente confinado.
Ao longo do estudo, foi uma gravada uma série de 29 palavras comuns de tempos a tempos, incluindo termos do quotidiano como “comida”, “café”, “esconder” e “fluxo de ar”.
Estas gravações foram depois analisadas por investigadores do Instituto de Fonética e Processamento da Fala da Universidade Ludwig-Maximilians de Munique, relata a Insider.
A análise revelou mudanças subtis nos sotaques dos participantes, caracterizados por uma mistura de sotaques americanos, alemães, islandeses, escoceses e galeses falados pelos indivíduos na estação.
As mudanças incluíram variações nos sons das vogais, como a pronúncia do som “ou” em palavras como “flow” e “sew”, bem como pequenos ajustes em certas consoantes.
De acordo com Jonathan Harrington, professor de fonética e fala e um dos autores do estudo, estas alterações eram tão subtis que não eram imediatamente percetíveis ao ouvido humano. Além disso, os habitantes da Antártida desenvolveram termos de gíria únicos, como “fod plod” para apanhar lixo.
No entanto, Harrington observou que essas modificações de sotaque provavelmente seriam de curta duração, já que o desenvolvimento significativo de sotaque normalmente requer mudanças geracionais dentro de uma comunidade.
Os resultados deste estudo foram publicados no Journal of the Acoustical Society of America.