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Cientistas podem ter encontrado a primeira lua fora do Sistema Solar

Alex Parker / NASA / ESA

Uma equipa de astrónomos pode ter encontrado a primeira lua fora do Sistema Solar. Se esta descoberta for confirmada, a exolua terá o tamanho e a massa de Neptuno e pode orbitar um planeta grande como Júpiter, mas uma massa 10 vezes maior.

Os sinais da possível lua foram registados através do projeto “Hunt for Exomooons with Kepler” – Caça a Exoluas com Kepler – e o estudo foi publicado na American Astronomical Society. Agora, os astrónomos pretendem usar o Hubble, em outubro, para realizar mais observações e confirmar a hipótese.

Até hoje, os astrónomos já descobriram mais de três mil exoplanetas – planetas que orbitam estrelas diferentes do Sol. A caça às exoluas, que orbitariam esses planetas distantes, prosseguiu em paralelo mas, até agora, não foram detectados satélites extrassolares dadas as limitações das tecnologia atual.

David Kipping, professor assistente de astronomia da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, afirma que passou “a maior parte de sua vida adulta” à procura de exoluas. Em relação à possível descoberta, o especialista pede cautela.

“Poderiamos descrever o objeto, por enquanto, simplesmente como algo parecido com uma lua. Mas até pode ser outra coisa”, afirma.

O telescópio espacial Kepler tem vindo a procurar planetas através de pequenas oscilações no brilho das estrelas que ocorrem quando um planeta passa à sua frente – um evento conhecido como “trânsito“.

Para encontrar as exoluas, os cientistas observam a redução da luminosidade das estrelas antes e depois deste fenómeno. O novo sinal promissor foi registado durante três trânsitos, menos do que os astrónomos gostariam de ter observado para poderem anunciar com segurança a descoberta.

A investigação, conduzida por Kipping, Alex Teachey, e o cientista Allan R. Schmit, atribuiu o nível 4 de confiança ao sinal registado. Este nível de confiança descreve o quão improvável é que um resultado experimental seja simplesmente um acaso – Por exemplo, no jogo de “cara ou coroa”, seria o equivalente a tirar 15 “caras” seguidas.

No entanto, segundo Kipping, esta não é a melhor maneira de avaliar a potencial descoberta. “Estamos entusiasmados. Estatisticamente e formalmente é uma probabilidade muito alta. Mas será que confiamos realmente nas estatísticas? Isso é algo não quantificável. Até que consigamos analisar as observações do Hubble, é uma hipótese de 50%, na minha opinião”, pondera.

O candidato a lua é conhecido como Kepler-1625b I e foi observado num sistema solar situado a quatro mil anos-luz da Terra. Uma teoria atual da formação planetária sugere que esse corpo celeste, que orbita um planeta com a massa de Júpiter, não se formou ali, tendo sido capturado pela gravidade do planeta numa fase avançada da evolução do seu sistema planetário.

Os cientistas não encontraram nenhum indício de uma lua do tamanho de Neptuno em documentos, mas Kipping observa que não há nada na física que a impeça de existir.

Outros possíveis candidatos a exoluas surgiram no passado, mas nenhum foi confirmado até agora. “Eu diria que é o melhor candidato que já tivemos“, avalia Kipping.

“Quase sempre que esbarramos num candidato que passa nos nossos testes, inventamos mais testes que fazem com que seja eliminado. Neste caso, aplicamos todos os testes que já fizemos e o corpo celeste passou em todos. Mas, por outro lado, só tivemos três eventos”, acrescenta.

ZAP // BBC

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