Cientistas mataram pela primeira vez cancro cerebral agressivo com terapia quântica

ZAP // NightCafe Studio

Se o gliobastoma é atacado com terapia quântica, o cancro está vivo, morto, ou vivo e morto?

Uma equipa de cientistas desenvolveu uma técnica de terapia quântica para combater um cancro cerebral agressivo.

Cientistas da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, apresentaram uma técnica terapêutica quântica, que usa um spray para combater o glioblastoma – um cancro cerebral agressivo responsável por mais de 10.000 mortes anualmente nos EUA.

Esta terapia inovadora usa bio-nanoantenas — nanopartículas de ouro revestidas com moléculas redox-ativas.

Estas bio-nanoantenas, quando pulverizadas no local do tumor ao mesmo tempo que um campo elétrico é aplicado, facilitam a sinalização quântica a nível celular, levando à morte das células do glioblastoma.

O estudo foi apresentado num artigo publicado esta quinta-feira na Nature Nanotechnology.

“Estas antenas transformam o campo elétrico num evento biológico, desencadeando processos como a apoptose — a morte celular programada”, explica ao Interesting Engineering o autor principal do estudo, Frankie Rawson.

Considerando a natureza invasiva do glioblastoma, em que suas células se espalham para os tecidos cerebrais vizinhos, tornando-os quase impossíveis de remover totalmente através da cirurgia, esta técnica traz esperança.

Este tipo de tumores, quando atacados com tratamentos tradicionais — mesmo que agressivos — frequentemente regressam ao fim de algum tempo.

Após a aplicação do spray, as bio-nanoantenas são rapidamente absorvidas pelas células cancerígenas. A aplicação do campo elétrico resulta numa transferência eletrónica quântica do Citocromo c, pequena proteína heme ligada à bio-nanoantena.

Este efeito altera o estado redox da proteína e envia às células cancerígenas um sinal para que se auto-destruam, prolongando potencialmente a expectativa de vida do paciente. Notavelmente, apenas as células cancerígenas são afetadas, deixando as outras células cerebrais ilesas.

Este processo demonstra que os cientistas podem controlar campos eletromagnéticos para despoletar fenómenos de mecânica quântica no campo da biologia.

Rawson realça que a diferença de reatividade aos campos elétricos entre as células cancerígenas e as normais pode ser devida a alterações genéticas associadas à resposta ao stress agudo nas células cancerígenas.

“Sendo possivelmente o primeiro tratamento contra o cancro a aproveitar os efeitos da mecânica quântica, este pode ser o amanhecer de uma abordagem revolucionária ao tratamento de neoplasias”, conclui Rawson.

Armando Batista, ZAP //

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