Cientistas intrigados com fungo carnívoro que devora vermes

University of Tennessee

Fungo Arthrobotrys oligospora

Nos cantos obscuros do reino dos fungos, esconde-se um predador notável, que caça vermes com uma armadilha biológica sofisticada.

Um estudo publicado a semana passada na PLOS Biology lança luz sobre o Arthrobotrys oligospora, um fungo que vai alternando entre uma faceta de decompositor benigno e caçador letal — quando a comida se torna escassa.

Os investigadores exploraram as complexidades moleculares do comportamento carnívoro do fungo, revelando um exemplo fascinante das selvagens táticas de sobrevivência da natureza.

Em condições normais, os fungos desempenham o papel tão importante quanto discreto de degradar matéria orgânica morta.

No entanto, quando confrontados com uma eventual escassez de recursos, revelam o seu lado mais obscuro, dizimando nemátodos—vermes microscópicos que se tornam inadvertidamente a sua presa.

A mudança para um estilo de vida predatório é uma estratégia de sobrevivência que garante que o fungo ultrapassa tempos difíceis.

Esta transformação depende da capacidade do fungo de criar uma espécie de “redes adesivas“, armadilhas pegajosas feitas a partir de proteínas especificamente enriquecidas para este fim, designadas “trap enriched proteins” (TEP).

Estas redes pegajosas imobilizam os vermes, que se contorcem e lutam em vão para se libertar. Uma vez aprisionado o verme, o fungo usa hifas, estruturas semelhantes a filamentos que formam o micélio dos fungos, para o consumir por dentro e por fora. Este processo transforma o caçador em caça, pois o verme torna-se alimento para o fungo.

Segundo o Futurism, para compreender o que impulsiona esta mudança de benigno para predador, os autores do estudo usaram sequenciação de RNA para examinar as mudanças a nível genético, e descobriram que quando o fungo deteta um verme, os seus genes relacionados com a replicação do DNA e a produção de ribossomas são intensamente ativados — preparando-o para o ataque.

Neste processo, os genes responsáveis pela secreção de TEPs tornam-se particularmente ativos. A supressão destes genes dificulta a capacidade do fungo de produzir a sua armadilha pegajosa, resultando numa diminuição notável do seu sucesso na caça.

Além disso, os investigadores identificaram uma atividade genética aumentada relacionada com a libertação de proteases—enzimas aptas a quebrar proteínas e peptídeos—o que sugere que há um mecanismo pelo qual o fungo digere rapidamente as suas vítimas após a captura.

O lado brutal da natureza é fascinante — seja ele ilustrado pela impiedosa caçada de um leão atrás de uma gazela, ou pelo ataque sem misericórdia que um fungo é capaz de lançar para apanhar o seu nemátodo.

Armando Batista, ZAP //

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