Cientistas descobrem como eliminar “lixo tóxico” do cérebro

A descoberta pode ajudar no tratamento e prevenção de doenças como o Alzheimer e Parkinson.

Os cientistas acreditam que a acumulação de beta-amilóides no cérebro é o primeiro passo para o desenvolvimento da demência causada pelo Alzheimer.

Um novo estudo, publicado na revista Brain descobriu uma possível solução para o problema.

Na pesquisa, os investigadores arranjaram uma forma de aumentar a limpeza do “lixo” do cérebro dos ratos e acreditam que esta estratégia também pode ser eficaz contra outras doenças neurogenerativas caracterizadas pela acumulação de proteínas tóxicas, como Parkinson.

De vez em quando, a proteína cerebral aquaporina 4 é sintetizada com uma cauda extra no fim. Os autores acreditavam inicialmente que este detalhe não passava de uma falha no controlo de qualidade da produção, mas decidiram debruçar-se sobre o assunto com mais atenção, relata o SciTech Daily.

“Inicialmente, achávamos que não podia ser relevante. Mas depois olhamos para a sequência genética e estava conservada através das espécies. E tinha este padrão impressionante no cérebro: só aparecia nas estruturas que eram importantes para a limpeza do lixo. Foi aí que ficamos entusiasmados”, explica o co-autor e professor de genética Joseph D. Dougherty.

Os cientistas criaram ferramentas especiais para verem se a forma longa de aquaporin 4 se comportava de maneira diferente no cérebro do que forma regular, ou seja, sem a cauda extra.

A forma longa foi descoberta nos astrócitos, um tipo de célula que cria uma barreira entre o cérebro e o resto do corpo. As patas traseiras dos astrócitos prendem-se em torno dos pequenos vasos sanguíneos do cérebro e ajudam a regular o fluxo do sangue, sendo este o local ideal para se tentar expulsar as proteínas tóxicas.

Os autores pensaram que aumentar a quantidade de aquaporina longa 4 poderia aumentar a eliminação deste lixo e decidiram testar 2560 compostos neste sentido. Encontraram dois, a apigenina, uma flavona dietética encontrada na camomila, nas cebolas e noutras plantas comestíveis; e a sulfaquinoxalina, um antibiótico veterinário usado nas indústrias da carne.

Os investigadores testaram o efeito destes compostos em ratos, assim como o efeito de placebos. Os animais tratados com a apigenina ou sulfaquinoxalina eliminaram os beta-amilóides do cérebro bastante mais rápido do que os restantes.

O consumo de sulfaquinoxalina não é seguro para pessoas. A apigenina está disponível enquanto um suplemento dietético, mas não se sabe a quantidade que chega ao cérebro por esta via.

Os cientistas estão agora a trabalhar na criação de novos medicamentos seguros com estes ou outros compostos que mostrem ser eficazes na desintoxicação do cérebro.

ZAP //

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