Cientistas de Novossibirsk, a terceira maior cidade da Rússia, criaram um material ultra-resistente inovador, a partir de diamantes com uma estrutura especial.
O material criado pelos cientistas siberianos permite aumentar várias vezes o tempo de vida dos instrumentos de corte e perfuração.
Os testes mostraram que os produtos fabricados com o novo material têm uma resistência 20 vezes superior à dos seus análogos de diamantes sintéticos ou das suas misturas com ligas duras.
O novo material garante uma velocidade de corte de mais de 140 metros por minuto, o que não é conseguido por nenhum material conhecido.
As qualidades únicas da nova liga são criadas pelos seus componentes: diamantes que existem apenas na Rússia.
Não se trata de pedras preciosas utilizadas na joalharia, mas de pequenos diamantes, cuja única fonte se encontra na cratera meteorítica da Yakútia, explicou à RVR o investigador Valentin Afanasiev, do Instituto de Geologia e Mineralogia da Seção Siberiana da Academia das Ciências da Rússia.
“A cratera formou-se há cerca de 36 milhões de anos atrás. Um corpo espacial chocou com rochas que continham muita grafite. O choque foi tão forte que as rochas se derreteram e a grafite tomou a forma de diamantes com uma estrutura especial devido à enorme pressão e temperatura”, diz Afanasiev.
“Graças a esta estrutura especial, estes diamantes têm uma grande capacidade abrasiva”, explica o cientista.
A Yakútia, ou República Sakha, a maior divisão federal da Federação da Rússia, com inúmeros recursos naturais, é um dos territórios mais misteriosos da Sibéria. É a terra natal de um fenómeno único chamado “xamanismo yakute”.
A extracção de diamantes a partir de crateras de meteoros tem-se revelado uma inesgotável fonte de riqueza para a Rússia.
Uma reportagem do Daily Mail revelava já em 2012 que as crateras russas poderão fornecer o planeta com diamantes de alta qualidade nos próximos 3.000 anos.
Segundo Afanasiev, na cratera meteorítica da Yakútia o conteúdo de diamantes “técnicos” é consideravelmente superior ao dos seus “irmãos” preciosos.
Valentin Afanasiev partilhou alguns segredos do seu material revolucionário.
“Pega-se em pó de diamante e aquece-se com um certo material. Nós, por exemplo, aquecíamos com cobalto e silício. Isso era feito em aparelhos que criavam alta pressão, até 100 mil atmosferas, e temperatura até 2.000 graus“, conta Afanasiev.
“Estes assados são o material altamente tecnológico que é usado nos buris e coroas de perfuração”.
Os cientistas realçam que o emprego de semelhante material é extremamente importante para a construção de máquinas e extracção de minério, especialmente gás de xisto.
Devido à grande complexidade dos trabalhos, os dispendiosos instrumentos de perfuração estragam-se rapidamente. Mas a super-resistencia do novo material permite aumentar significativamente o seu tempo de vida.
O preço do material não foi está definido. Assim que esteja, os autores da invenção tencionam colocá-la no mercado.
ZAP / RVR