Cientistas japoneses anunciaram recentemente ter conseguido transplantar com sucesso uma pele artificial em ratos de laboratório.
Feita a partir de células estaminais das gengivas de um rato, a pele desenvolvida pela equipa de investigadores japoneses tem múltiplas camadas, desde os folículos capilares às glândulas sudoríparas.
Ou seja, quando foi implantada num rato sem pelo e com um sistema imunitário suprimido, o novo tecido conseguiu transpirar e ainda permitiu o crescimento de cabelos, tal como acontece com a pele natural.
Os investigadores acreditam que a mesma proeza só poderá acontecer em humanos daqui a cinco ou dez anos, mas que o sistema poderá revolucionar, por exemplo, o tratamento de pessoas com queimaduras graves ou doenças de pele.
Além disso, o mesmo método poderá vir a ser usado para o fabrico de amostras de pele que poderão ser uma boa alternativa para os testes químicos feitos em animais.
De acordo com o principal autor do estudo, Takashi Tsuji, recentemente publicado na Science Advances, o “desenvolvimento da pele artificial tinha sido, até agora, dificultado pelo facto de o tecido não ter partes importantes, como os folículos pilosos e as glândulas exócrinas”.
“Com esta nova técnica, temos conseguido desenvolver com sucesso uma pele que replica a função do tecido normal. Estamos cada vez mais perto do sonho de sermos capazes de recriar órgãos reais em laboratório para transplante”.
O cientista, que faz parte do Centro Riken de Biologia do Desenvolvimento, em Kobe, conduziu esta pesquisa juntamente com outros colegas da Universidade de Tóquio, das cidades de Sagamihara e Sendai.
Em declarações à BBC, John McGrath, professor de dermatologia molecular do King’s College, em Londres, afirma que esta nova pesquisa foi um grande passo em frente nesta matéria.
“Os enxertos de pele atuais funcionam mas não se parecem nem se comportam como pele. Se não temos os folículos capilares ou as glândulas sudoríparas, não vai funcionar como pele”, sublinha.
“Aqui, em vez de termos pedaços isolados, temos uma caixa inteira de coisas. É como no futebol: qualquer um pode ter o Wayne Rooney, mas agora temos o Manchester United todo. Há uma equipa completa em campo, com jogadores que interagem entre si”, compara.
ZAP / Hypescience