Uma equipa de investigadores conseguiu a muito difícil proeza de esmagar um líquido, usando uma técnica que permite 20 vezes maior compressão da água do que o normal.
Investigadores da Universidade Queen’s, em Belfast, na Irlanda, conseguiram comprimir uma mistura à base de água até 7%, usando uma MOF — uma “estrutura metalorgânica”.
Esta é uma proeza muito difícil de alcançar, devido à falta de espaço entre as moléculas nos líquidos.
O estudo, liderado por Stuart James, professor da Faculdade de Engenharia Química da UC/Belfast, foi publicado na revista Advanced Materials
Segundo a revista Nature, no decorrer da pesquisa os investigadores conseguiram alcançar os melhores resultados de compressão de líquidos de sempre.
A equipa usou um material sólido poroso chamado ZIF-8, composto por moléculas organizadas numa configuração semelhante a uma jaula e com poros hidrofóbicos que repelem a água, para criar um líquido compressível.
Estes poros permanecem vazios mesmo quando misturados com água, mas, sob alta pressão, as moléculas de água são forçadas a entrar nos poros, fazendo com que o líquido se comprima. A compressão foi alcançada a uma pressão de 500 bar, cerca de 500 vezes a pressão atmosférica, reduzindo o volume do líquido em 7%.
Os investigadores, que esperam otimizar ainda mais este processo para conseguir compressão a pressões mais baixas, experimentaram também misturar água e metanol, para tornar mais fácil a compressão do líquido.
Apesar do caráter inovador do estudo, nem todos os cientistas concordam com a ideia do que o fluido composto com ZIF-8 seja exatamente um “líquido compressível”.
Yaroslav Grosu, investigador no centro de investigação CIC energiGUNE, em Espanha, considera que o material obtido com a técnica de Stuart James é na prática um conjunto de nanopartículas dispersas e não propriamente um fluido homogéneo.
Mas Stuart James, que considera fascinante a natureza incongruente do seu “líquido compressível”, acredita que o trabalho da sua equipa pode levar a novas aplicações tecnológica.
As potenciais aplicações para esta tecnologia podem estender-se a áreas como a absorção de choques e a acústica, dado que a compressibilidade influencia a velocidade com que o som viaja através dos materiais.