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“É como a Starship Enterprise”. China quer construir uma nave espacial com um quilómetro

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Karanak / Deviant Art // Pixabay

Nave espacial em órbita, conceito artístico

A China está aberta a propostas de cientistas sobre como avançar com a construção de uma nave espacial gigante que seria muito maior do que a EEI. As opiniões dividem-se sobre se o projecto é viável.

É difícil imaginar uma nave espacial tão grande, mas a China está a ponderar construir uma nave com um quilómetro de comprimento. O projecto faz parte de um programa aberto a propostas de investigação da Fundação Nacional de Ciência Natural do país.

O site da fundação descreve as naves gigantes como “um equipamento aeroespacial estratégico para o futuro uso de recursos do espaço, exploração dos mistérios do universo e da vida a longo-prazo na órbita“, cita o Science Alert.

São precisos novos métodos de design leves que possam limitar ao máximo a quantidade de materiais de construção que tem de ser levantada até à órbita e novas técnicas de montagem segura de estruturas tão grandes no espaço. Os cientistas com ideias podem apresentar propostas, que podem ser estudadas a nível da fiabilidade durante cinco anos e receber um orçamento de quase 2 milhões de euros.

A nave poderia incluir uma grande tripulação, telescópios orbitais e até estações de energia baseadas no espaço, avança a Sky News, e pode potencialmente demorar séculos a ser construída.

O maior desafio seria o preço. De acordo com Mason Peck, antigo chefe tecnológico da NASA, só a Estação Espacial Internacional (EEI) custou cerca de 85 mil milhões de euros para ser construída e tem no máximo 110 metros. Construir e manter algo dez vezes maior seria muito mais caro e apresentaria desafios muito maiores no lançamento.

Uma estrutura destas proporções vai ter problemas únicos nas manobras em órbita e para atracar outras naves. Os movimentos causam vibrações e curvas na estrutura da nave e o tamanho gigante desta nave levaria a que estas levassem muito tempo a pararem, o que provavelmente obrigaria à inclusão de absorvedores de embate, explica Mason Peck.

A altitude a que a nave vai orbitar também é um factor a ter em conta – nas mais baixas, os veículos andam a uma velocidade mais lenta devido ao arrasto da atmosfera externa, sendo que este já é um problema para a EEI que seria exorbitado com uma estrutura maior que exigiria mais combustível.

Pelo contrário, lançar a nave para uma altitude maior é mais caro e os maiores níveis de radiação seriam nefastos caso humanos vivessem na estrutura. Apesar de achar que a ideia pode ser concretizada, Mason Peck acredita que muito depende do tipo de nave que os chineses querem construir.

A EEI tem uma massa pesada por ter equipamentos e materiais necessários para acomodar vida humana. “Se estamos a falar de algo que é simplesmente comprido, mas que não é pesado, é outra história”, defende o especialista da NASA à Science Alert.

No entanto, um professor de engenharia aeroespacial da Universidade do Illinois que já trabalhou em programas espaciais acredita que a ideia não é viável e compara-a à nave de Star Trek.

“É como se estivéssemos a falar da Starship Enterprise. É fantástico, não é viável, é divertido de imaginar, mas não é realista para o nosso nível tecnológico”, afirma Michael Lembeck.

Recorde-se que a China foi banida de participar na EEI por uma decisão do Congresso dos Estados Unidos que restringe a cooperação da NASA com os cientistas chineses. A China está também actualmente a construir uma estação espacial tripulada – a Tiangong.

A decisão de 2011 baniu a NASA de usar fundos públicos para se envolver de forma directa ou bilateral com o governo de Pequim e com qualquer organização ligada as autoridades chineses. A lei proíbe também a agência americana de receber delegados chineses em qualquer uma das suas instalações sem autorização do Congresso e do FBI.

Caso avance, a nova proposta da Fundação Nacional chinesa iria eclipsar a EEI e poderá ser mais um capítulo nesta nova corrida ao espaço.

Adriana Peixoto, ZAP //

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