A versão alternativa emitida na China mostrava que a polícia tinha vencido e que Tyler Durden tinha sido enviado para um hospital psiquiátrico. Após a contestação à mudança, a versão original voltou no último fim de semana.
Depois de ter sido criticado e noticiado por todo o mundo, o fim alternativo que Fight Club recebeu numa plataforma de streaming chinesa foi removido. Há algumas semanas, os subscritores da Tencent Video notaram que o clássico lançado em 1999 recebeu um novo desenlace.
Na versão alternativa, a cena final das explosões nos edifícios foi cortada, lendo-se antes uma mensagem que revela que a “polícia descobriu todo o plano e prendeu os criminosos, prevenindo a explosão da bomba”.
Para além disto, Tyler Durden, que se descobre no fim original que é apenas um alter-ego do narrador, é enviado para um hospital psiquiátrico de onde é libertado em 2012 na versão emitida na China.
Após as críticas à mudança do final do filme, a plataforma de streaming voltou agora a mostrar a versão imaginada por David Fincher, com a mensagem original anti-capitalista e de rejeição do consumismo, nota o The Guardian.
A China tem regras apertadas em relação a produtos culturais, que considera que devem reflectir os valores do país. Representações de violência sexual, pornografia, fantasmas, viagens no tempo ou interpretações que não sejam aprovadas da história chinesa não são permitidas em filmes emitidos no país.
Muitos filmes estrangeiros não são aprovados e parte dos que são têm cortes ou fins alternativos já criados pelos próprios estúdios, que não querem perder a oportunidade de lucrarem no mercado do país mais populoso do mundo.
No entanto, a reversão total do fim de um filme não é comum, pelo que a mudança em Fight Club atraiu a atenção dos utilizadores, com muitos a queixarem-se da censura nas redes sociais. Ao longo do último fim de semana, os subscritores comentaram online que o fim original foi restaurado.
Chuck Palahniuk, autor do livro que inspirou o filme comentou toda a polémica quando esta rebentou, lembrando que a censura não existe só na China.
“O que acho muito interessante é que os meus livros são fortemente banidos nos Estados Unidos. O sistema prisional do Texas recusa-se a ter os meus livros nas suas bibliotecas, assim como muitas escolas públicas e privadas. Mas só é um problema quando a China muda o fim do filme?”, revelou em entrevista ao TMZ.
O escritor considera ainda a situação “irónica” porque a mudança feita na China vai mais ao encontro do seu livro do que a versão original do filme, que tinha “um fim mais espectacular visualmente”. “De certa forma, os chineses trouxeram o filme de volta ao livro, um pouco”, rematou.