Um grupo de cientistas chineses clonou, pela primeira vez, uma cadela-polícia, com o objetivo de replicar as características dos melhores animais, para os tornar mais eficazes. Nasceu assim Kunxun, que tem hoje dois meses.
O processo de clonagem de Kunxun, de raça Kunming (parecido com o Pastor Alemão), começou em setembro, com a recolha de uma amostra de ADN da pele de Huahuangma, que tem sete anos e “trabalhava” na esquadra da cidade de Pu’er, na provincia de Yunnan, sul da China, indica um artigo do Gizmodo publicado na terça-feira.
A amostra foi levada para os laboratórios da Sinogene Biotechnology Company, em Pequim, onde a equipa criou um embrião clonado e implantou-o numa Beagle. Kunxun nasceu de cesariana, com 540 gramas e 23 centímetros, e os testes de ADN já revelaram que Kunxun é 99,9% idêntico a Huahuangma.
Esta clonagem faz parte de um programa criado pelo Ministério de Segurança Pública da China e liderado pela Base de Cães Polícias de Kunming, pela Yunnan Agricultural University e pela Sinogene Biotechnology Company.
Segundo o artigo, a Sinogene Biotechnology Company é a primeira empresa de biotecnologia da China que fornece serviços de clonagem de animais. No ano passado, clonou um filhote chamado Juice, cobrando aproximadamente 380 mil yuans (cerca de 59 mil euros) para clonar animais de estimação.
Embora Kunxun não seja o primeiro cão clonado, “é um pouco preocupante ouvir que o motivo principal” da clonagem deve-se ao intuito de reduzir o tempo e os custos envolvidos no treino de cães-polícias, refere um artigo do Xinhua.
De acordo com o China Daily, o treino de cães polícias na China leva entre quatro e cinco anos, chegando a custar cerca de meio milhão de yuans (à volta de 66 mil euros).
“Clonar cães polícias está em fase experimental. Espera-se que possamos produzir em massa cães polícias de bom desempenho, clonados à medida que as técnicas amadurecem nos próximos 10 anos”, disse ao China Daily Wan Jiusheng, investigador da Base de Cães Polícias de Kunming.
O programa “planeia igualmente estabelecer um banco de células somáticas de cães polícias de bom desempenho, que podem ser preservados por 50 anos, e outro grupo para a criação rápida de bons cães policiais”, acrescentou.
No entanto, lê-se no artigo do Gizmodo, existem há poucas razões para acreditar que o clone de um cão se comportará exatamente como seu pai, ainda que compartilhem a mesma genética. Além disso, os clones não guardam lembranças dos seus antecessores.
A cantora Barbra Streisand clonou a sua cadela, Samantha, apenas para descobrir que os filhotes resultantes tinham personalidades diferentes. Num artigo do New York Times, a própria admitiu que pode-se “clonar a aparência de um cão, mas não a alma”. Ainda assim, é possível que estes cães se tornem mais recetivos ao treino do que outros.
Outra questão relacionada com a clonagem de animais “geneticamente superiores” por razões industriais ou de serviço, prende-se com o facto de não estar claro se estes sofrem de envelhecimento acelerado. Dolly, a primeira ovelha já clonada, morreu aos seis anos de idade, o que, segundo o Smithsonian, equivale à metade da idade média de uma ovelha.
Porém, mais tarde, os cientistas descobriram que a clonagem não contribuiu para a sua morte prematura.
O primeiro cão clonado, Snuppy, viveu durante 10 anos, acabando por morrer devido ao mesmo tipo de cancro que matou o seu pai. Atualmente, há um estudo que monitoriza os seus descendentes clonados, para analisar a saúde e a vida útil desses animais.
Quanto a Kunxun, a media social chinesa afirma que o mesmo está a receber treino, tendo mostrado, até à data, uma “boa aptidão” nos testes de deteção e adaptação a ambientes desconhecidos.
Esta não é a primeira vez que se realizam experiências de clonagem com cães com fins policiais. O primeiro é de 2005: um Labrador Retriever, criado por cientistas sul-coreanos, foi clonado para farejar drogas ilegais nos serviços aduaneiros.