Ainda para mais na disciplina de… ética e tecnologia. Professora ficou chocada: alunos já usam Inteligência Artificial “para se esquecerem de como falar”, disse.
Quando descobriu que os seus alunos recorreram ao famoso ChatGPT para completar uma tarefa tão básica como a apresentação de início de aulas, a professora Megan Fritts, da Universidade do Arkansas em Little Rock, ficou em choque.
A tarefa, da sua aula de ética e tecnologia, era simples: pedia apenas aos alunos que se apresentassem brevemente e partilhassem as suas expectativas para o curso.
“Foi realmente surpreendente para mim que eles se sentissem obrigados a gerar um LLM [um modelo de linguagem]”, desabafou a docente de filosofia ao Business Insider.
A utilização da IA nas salas de aula tem vindo a tornar-se cada vez mais comum, com os alunos a confiarem cada vez mais em ferramentas como o ChatGPT para gerar textos e respostas. Até primeiros-ministros já usaram o programa para escrever discursos. Os Emirados Árabes Unidos já se converteram à Inteligência e começaram a usar o ChatGPT nas salas de aula das suas escolas.
Alguns educadores começaram também eles a utilizar a tecnologia para classificar trabalhos e criar perguntas para questionários. Enquanto alguns argumentam que a IA pode melhorar as oportunidades de aprendizagem, outros temem que possa corroer aspetos fundamentais da agência humana e do pensamento crítico.
Para a professora de filosofia, “os apologistas dos modelos de linguagem na sala de aula deviam sentir-se envergonhados”: defende que o objetivo de uma educação em humanidades é desenvolver um pensamento independente e mentes libertas — algo que é posto em causa quando os estudantes delegam o seu pensamento nas máquinas.
“Os alunos não estão apenas a usar este material como uma ‘ferramenta de resolução de problemas’ ou qualquer outra coisa que as pessoas digam, estão a usá-lo para se esquecerem de como falar.”
A utilização generalizada de modelos de linguagem de grande escala (e não Inteligência Artificial, que não existe) é um tema demasiado complexo para ficar reduzido a “Os alunos não estão apenas a usar este material como uma ‘ferramenta de resolução de problemas’ ou qualquer outra coisa que as pessoas digam, estão a usá-lo para se esquecerem de como falar.”
A Sra. Professora introduziu na sua aula, no inicio de um ano letivo, um momento de pressão altíssima para os seus alunos: Apresentarem-se e partilhar as suas expectativas para o curso. Só quem nunca foi posto nesta situação não percebe a pressão que isto coloca sobre adolescentes e nuns, mais do que noutros. Começam a gaguejar, perdem-se a meio do raciocínio e calam-se a pensar na melhor forma de expressar o que lhes vai pela alma, ficam todos encarnados ou então tomam a saída mais rápida: Tentam ser engraçados e a professora manda-os calar e passa ao próximo(a).
É para mim, mais do que natural, que dada a oportunidade de numa situação dessas, ter acesso ao ChatGPT para criar um texto qualquer que basta ler, os alunos o façam.
Não adianta nada demonizar os modelos de linguagem de grande escala ou a Inteligência Artificial quando esta efetivamente aparecer. São ferramentas e os nossos jovens devem ficar familiarizados com elas e aprender a tirar o melhor partido possível da sua utilização.