/

Em Ceuta, polícia carrega sobre manifestantes. Mais de 800 menores continuam sem rumo

Confrontos entre a polícia e manifestantes em Ceuta

A polícia de Ceuta carregou sobre centenas de manifestantes que estavam junto do hotel onde Santiago Abascal está alojado, no centro da cidade. Mais de 800 menores marroquinos ainda aguardam resolução da sua situação.

O presidente do Vox tinha anunciado uma manifestação para esta segunda-feira em Ceuta devido à recente crise migratória na cidade.

No entanto, a organização foi proibida pelo Governo com a justificação de que não se deveriam promover encontros com tantas pessoas. Santiago Abascal criticou e alterou os moldes, alegando que seria apenas uma declaração aos jornalistas e sem manifestação.

Contudo, a tensão rapidamente começou a escalar nas ruas de Ceuta. Junto ao hotel onde o presidente do Vox está alojado, a polícia disparou balas de borracha para tentar afastar as pessoas. Os manifestantes responderam com pedras, garrafas de água e até uma cadeira. A polícia agiu empurrando os protestantes para fora das imediações do hotel.

Mesmo assim, minutos depois, na praça de África, juntaram-se dezenas de pessoas em protesto contra Abascal e o Vox, revela o Expresso.

Ao início da noite, quando Abascal se preparava para sair do hotel por uma porta lateral, os manifestantes perceberam e correram para o local. Mais uma vez, a polícia disparou balas de borracha para o ar e depois carregou nos manifestantes, afastando-os.

Menos de uma hora depois, o protesto terminou e Abascal ainda não tinha saído do hotel. Várias pessoas foram levadas pela polícia e queixaram-se da força utilizada pelas autoridades.

Os confrontos levaram a que pelo menos um polícia e dezenas de manifestantes ficassem feridos.

800 menores aguardam resolução

O governo da cidade autónoma de Ceuta revelou esta segunda-feira que mais de 800 menores marroquinos que entraram ilegalmente na semana passada neste enclave espanhol no norte de África aguardam a resolução da sua situação.

A falta de documentos de identificação destes menores, que entraram no enclave na passada segunda e terça-feira, está a dificultar o início do seu processo de repatriamento, segundo a agência Efe.

A polícia recomenda que as famílias destas crianças se dirijam aos consulados de Espanha ou à embaixada em Rabat para informar da ausência dos seus filhos ou familiares.

O governo regional de Ceuta informou esta segunda-feira que foi aberto um novo centro de acolhimento (Tarajal) para acomodar cerca de 300 menores não acompanhados e assim descongestionar os outros dois centros que também estão a ser utilizados desde que a crise humanitária começou há uma semana.

Cerca de 7.800 pessoas já foram devolvidas a Marrocos desde o início da crise – na sua maioria marroquinos e um pequeno grupo de subsarianos.

Milhares de migrantes, na sua maioria jovens, tinham aproveitado a passividade dos controlos fronteiriços do lado marroquino para entrar ilegalmente em Ceuta na semana passada.

A origem desta última crise entre Espanha e Marrocos está relacionada com a permanência em Madrid do secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, por motivos de saúde.

A Frente Polisário, considerada como um grupo terrorista por Rabat, reivindica o direito à autodeterminação no Saara Ocidental, território que foi colónia espanhola e posteriormente ocupado pelo Marrocos.

O ministro espanhol da Justiça, Juan Carlos Campo, estimou esta segunda-feira, num fórum económico, que a crise com Marrocos estava em vias de ser resolvida.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.