Áreas do cérebro danificadas pela hipertensão identificadas pela primeira vez

A hipertensão é comum e estima-se que 30% das pessoas em todo o mundo têm a condição. A doença afeta a mecânica cerebral, mas não se sabia a forma como danifica o cérebro e quais as regiões atingidas.

Num estudo publicado recentemente no European Heart Journal, os investigadores identificaram regiões específicas do cérebro danificadas pela hipertensão e que podem desempenhar um papel vital no declínio dos processos mentais e no desenvolvimento da demência.

Tomasz Guzik, professor de Medicina Cardiovascular na Universidade, de Edimburgo (Reino Unido), e da Jagiellonian University Medical College, na Cracóvia (Polónia), que liderou a investigação, disse que recolheu as informações para a análise a partir de uma combinação de abordagens.

Através dessas diferentes abordagens, a equipa identificou as áreas afetadas do cérebro, incluindo os putâmen (estrutura redonda na base da frente do cérebro, responsável por regular o movimento e influenciar vários tipos de aprendizagem) e regiões específicas de matéria branca.

“Pensávamos que estas poderiam ser as áreas onde a tensão arterial elevada afeta a função cognitiva, tais como a perda de memória, a capacidade de aprendizagem e demência. Quando verificámos as nossas descobertas, estudando um grupo de doentes em Itália que tinham hipertensão, descobrimos que as pastes do cérebro que tínhamos identificado eram de facto afetadas”, indicou Tomasz Guzik.

De acordo com a equipa, nove partes do cérebro estavam alteradas e estas estavam relacionadas com uma pressão sanguínea mais elevada e uma pior função cognitiva.

Essas áreas incluem o putâmen, a radiação talâmica anterior, a corona radiata anterior e o membro do anterior da cápsula interna, que são regiões de matéria branca que ligam-se entre si e permitem a sinalização entre diferentes partes do cérebro.

Enquanto a radiação talâmica anterior está envolvida em funções executivas, tais como o planeamento de tarefas diárias simples e complexas, as outras duas envolvem a tomada de decisões e a gestão de emoções.

Observaram-se “diminuições no volume do cérebro e na quantidade de superfície do córtex cerebral, alterações nas ligações entre diferentes partes do cérebro, e alterações na atividade cerebral”.

“Ao olharmos para estas regiões específicas do cérebro, podemos ser capazes de prever quem irá desenvolver mais rapidamente a perda de memória e a demência no contexto da hipertensão. Isto pode ajudar na medicina de precisão, para que possamos criar terapias mais intensivas para prevenir o desenvolvimento de deficiências cognitivas em pacientes de maior risco”, referiu Tomasz Guzik.

ZAP //

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