Como é que o cérebro decide entre a dor futura e o lucro futuro?

geralt / pixabay

Decidir entre atividades que gostamos de fazer e potenciais dores físicas ou emocionais. Tomar esta decisão difícil regularmente não é nada de novo para quem lida com depressão, ansiedade, ou dores crónicas.

No entanto, não se sabe assim tanto como seria de esperar sobre as partes do cérebro que tomam essa decisão, relata a Sci Tech Daily.

Os investigadores da Universidade McGill mostraram, num novo estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences que o corpo estriado ventral desempenha um papel importante nas decisões relativas à dor futura e lucro futuro.

Embora esta área do cérebro tenha sido ligada à motivação e recompensas, não tinha sido feita a ligação com a dor. Esta descoberta pode permitir terapias melhoradas para uma grande variedade de condições.

Para examinar que partes do cérebro estavam ativas durante as decisões relativas à dor e lucro futuros, foi pedido aos participantes do estudo que fizessem escolhas extremamente rápidas que implicassem uma certa quantidade (aleatória) de dor em troca de uma certa quantidade (aleatória) de lucro — ou vice-versa.

Uma vez que os participantes foram solicitados a escolher repetidamente (tiveram 100 tentativas) entre ofertas de dor ou lucro, os cientistas utilizaram scans cerebrais para monitorizar áreas de atividade cerebral.

Descobriram que, embora muitas áreas diferentes do cérebro estivessem associadas a futuras ofertas de dor ou lucro, havia uma região em particular, o corpo estriado ventral, que era sistematicamente ativado ou desativado.

Os investigadores foram capazes de identificar padrões de atividade cerebral que lhes permitiram não só prever os níveis de dor e recompensa futura, mas também se os participantes aceitariam ou não essas ofertas. A equipa de investigação estava a observar o cérebro a tomar decisões entre a dor e lucro.

“Foi quase como ver um interruptor de regulação da intensidade da luz a subir ou a descer, dependendo da oferta de dor ou lucro”, notou Mathieu Roy, professor no Departamento de Psicologia de McGill e o autor do estudo.

“Verificámos que quando o lucro era uma hipótese, como esperado, a atividade no corpo estriado ventral aumentava. Mas o mais interessante foi que a atividade na mesma área do cérebro diminuiu em proporção à dor oferecida. Isto sugere que existe uma representação partilhada da dor e do lucro na zona, quase como uma moeda comum na tomada de decisões onde é necessário comparar as duas”, concluiu Roy.

ZAP //

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