A matriosca geográfica mais estranha da Europa fica… (simplificando) no Benelux

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Jérôme / Wikimedia

Fronteira que atravessa uma esplanada de café entre Baarle-Hertog (Bélgica) e Baarle-Nassau (Países Baixos)

As fronteiras mais bizarras da Europa ficam nos Países Baixos… e depois na Bélgica… e depois nos Países Baixos outra vez… É estranho. Uma autêntica matriosca geográfica.

As aldeias entrelaçadas de Baarle-Hertog (que é belga, mas fica nos Países Baixos) e Baarle-Nassau (que holandesa, mas tem partes na Bélgica) compõem a fronteira mais estranha da Europa.

Vamos descomplicar: Hertog é composta por 22 enclaves dentro de Nassau. São pequenas peças de terra cercadas por território holandês.

Um enclave é um território pertencente a um país, mas que está completamente rodeado por território de outro país.

Por seu turno, em dentro de Hertog também há partes de Nassau. São sete sub-enclaves dentro dos enclaves da Bélgica.

É uma espécie de matriosca geográfica.

A fronteira cruza passeios, escritórios, casas e até quartos. Ali, estando na Bélgica, é possível dormir com alguém que esteja nos Países Baixos.

Van Gool, que viveu na parte holandesa toda a vida, relata à Euronews alguns dos prós-e-contras deste cenário caricato: “o pão belga é muito melhor e a gasolina é muito mais barata na Bélgica”.

“No entanto, para fazer compras, todos vão à Holanda”, disse. Além disso, quem tem uma casa dividida pela fronteiras paga impostos nos dois países.

As pessoas tendem aproveitar diferentes leis e regimes fiscais.

Esta excentricidade geográfica, atrai milhares de turistas todos os anos de todo o mundo e tem origem na Idade Média, quando acordos feudais e trocas de terras entre nobres criaram uma situação administrativa caótica.

O território foi dividido pela primeira vez em 1198. Mas a questão da fronteira voltou a ser assunto em 1830, quando a Bélgica se tornou independente dos Países Baixos.

Mas, mesmo após a formação dos estados modernos da Bélgica e dos Países Baixos, as divisões foram mantidas e reconhecidas oficialmente.

As últimas mexidas no território foram feitas em 2018, depois de um cadáver decapitado ter sido encontrado, que gerou o caos na altura das investigações.

Miguel Esteves, ZAP //

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