Liquidez é “abundante” mas “é preciso fazê-la chegar” à economia, diz Centeno

Mário Cruz / Lusa

O ex-ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal, Mário Centeno

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, indicou que a crise de 2008 e de 2020 não são comparáveis devido à abundância de dinheiro disponível e que há liquidez para travar o impacto económico, mas é preciso fazê-la chegar aos agentes económicos.

No ‘podcast’ Atlantic Talks, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), citado esta segunda-feira pelo ECO, Centeno disse que “aprendemos em duas dimensões”, sublinhando que as instituições europeias eram ainda “muito incipientes” em 2008.

“Reforçámos institucionalmente o euro, tínhamos mecanismos de proteção dos estados que não existiam em 2008 e aprendemos politicamente. Penso que a primavera de 2020 foi um salto de integração na Europa extraordinário”, apontou o governador.

Segundo Centeno, esse salto deve-se à decisão da Comissão Europeia em emitir dívida conjunta de longo prazo. “Vai ficar aqui durante muitas décadas connosco e ainda bem”, apontou. “Por isso é que também refiro que 2021 é herdeiro e vai ter de trabalhar muito para merecer essa herança destas decisões. Não podemos deixar cair essa onda. Quer do ponto de vista institucional ou político, é algo que não tem muito a ver com 2008”, frisou.

Além da integração europeia, Centeno apontou a disponibilidade de liquidez, uma diferença fundamental entre a crise atual e a de 2008. “Não havia [liquidez] na anterior crise e desta vez é abundante. E é só preciso fazê-la chegar aos agentes”, rematou.

Taísa Pagno //

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