The Exploration Company
Canábis e restos mortais foram ao Espaço, mas desapareceram ao regressar com a empresa de Elon Musk. Missão pretendia devolver as cinzas às famílias aqui na Terra, mas falhou no regresso.
Terminou da pior forma a missão desta segunda-feira que envolveu a participação da SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk.
O foguetão Falcon 9, lançado com direito a transmissão ao vivo a partir da Base Espacial de Vandenberg, na Califórnia, integrou uma missão de transporte partilhado dedicada, que contou com 70 cargas em órbita terrestre baixa. Entre as cargas estavam amostras de canábis e restos mortais humanos, nomeadamente as cinzas e ADN de 166 pessoas.
Uma das experiências em destaque envolvia o MayaSat-1, um incubador biológico desenvolvido pela Genoplant. A bordo seguiam mais de 980 amostras biológicas, incluindo sementes e matéria vegetal de canábis, fornecidas pelo projeto Martian Grow.
“A canábis é resiliente, multifuncional e biologicamente complexa”, explica o projeto no seu website, “tornando-a ideal para estudar como a vida se adapta a ambientes extremos como o espaço ou Marte.”
Mas depois de completar as órbitas previstas em torno da Terra, a missão, que deveria regressar em segurança com uma amaragem perto do Havai, perdeu comunicação poucos minutos antes da amaragem, de acordo com a The Exploration Company, responsável pela cápsula Nyx Mission Possible.
“A cápsula foi lançada com sucesso, impulsionou as cargas úteis nominalmente em órbita, estabilizou após a separação com o lançador, reentrou e restabeleceu a comunicação após o apagão. Mas, com base no nosso conhecimento atual, encontrou um problema posteriormente e perdemos a comunicação alguns minutos antes da aterragem”, adianta o comunicado partilhado no Linkedin.
Os primeiros indícios apontam para uma falha no sistema de paraquedas, que fez com que a cápsula impactasse o Oceano Pacífico a alta velocidade, dispersando o seu conteúdo.
A perda afetou, claro, a Celestis, empresa responsável pelo envio dos restos mortais para o Espaço: os restos mortais destas pessoas, que a empresa prometeu devolver às famílias, estão agora perdidos no oceano.
Ambas as empresas lamentaram o sucedido e garantiram estar a investigar a falha.
“Ainda estamos a investigar as causas e partilharemos mais informações em breve”, acrescentou a The Exploration Company. “Pedimos desculpa a todos os nossos clientes que nos confiaram as suas cargas úteis.”
A Celestis comprometeu-se, em comunicado, a contactar as famílias dos participantes nos próximos dias. A empresa expressou esperança de que as famílias encontrem algum conforto em saber que os seus entes queridos participaram numa missão histórica, orbitando a Terra antes de repousarem no imenso Pacífico, numa espécie de cerimónia tradicional de dispersão no mar.
“Lamentamos informar que ocorreu uma anomalia durante a reentrada, especificamente, a falha do sistema de paraquedas, resultando no impacto da cápsula Nyx no Oceano Pacífico e na dispersão do seu conteúdo no mar”, lê-se no comunicado. “Como resultado deste evento imprevisto, acreditamos que não conseguiremos recuperar ou devolver as cápsulas de voo a bordo. Partilhamos a deceção das nossas famílias e expressamos a nossa mais sincera gratidão pela confiança depositada.”
“Embora acreditemos atualmente que não podemos devolver as cápsulas de voo”, acrescenta, “esperamos que as famílias encontrem um pouco de paz em saber que os seus entes queridos fizeram parte de uma viagem histórica, foram lançados para o espaço, orbitaram a Terra e estão agora a descansar na vastidão do Pacífico, semelhante a uma tradicional e honrada dispersão pelo mar”.
o ridículo a que se chega…
Ficámos sem saber qual o objectivo de mandar cinzas humanas ao espaço. Qual seria a grande descoberta que ficou por fazer?