CDS: Rodrigues dos Santos é “líder legítimo” mesmo depois do fim do mandato. Melo discorda e fala em partido em “estado de sítio”

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José Sena Goulão / Lusa

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos

Atual direção centrista não quer ouvir falar em líder ilegítimo, apesar de o mandato de Francisco Rodrigues dos Santos acabar antes das eleições legislativas. Nuno Melo faz apelos a que se reconsidere a situação pelo bem do partido e do país.

A marcação das eleições legislativas antecipadas pelo Presidente da República não vieram pôr água na fervura do CDS e respetivas figuras internas. A noite de ontem ficou marcada, novamente, por troca de argumentos, com Nuno Melo a considerar que com o país a ir às urnas a 3o de janeiro há tempo “mais do que suficiente para, realizando-se o Congresso do CDS em 27 e 28 de Novembro, discutir ideias, aprovar uma moção de estratégia global e legitimar a direção”.

O eurodeputado, através de uma publicação no Facebook, deixou ainda um “último apelo” a Francisco Rodrigues dos Santos para que, pelo “bem do partido e do país“, ajude a “pacificar o CDS da última forma possível: elejam-se os delegados no próximo fim-de-semana e realize-se o congresso nas datas agendadas de 27 e 28 de novembro, ou numa data consensual logo após”. Nuno Melo, assim como muitos antigos e atuais militantes centristas, acreditam que “quando se realizarem as eleições legislativas a atual direção do CDS já não estará em mandato e o partido não terá qualquer estratégia para as legislativas”.

Como seria de esperar, a atual direção discorda e, pela voz de Cecília Anacoreta Correia, afastou qualquer possibilidade de o congresso ser antecipado. A porta-voz centrista defendeu também que Francisco Rodrigues dos Santos não sente qualquer necessidade em legitimar a sua liderança e que a prioridade passa agora por fazer as listas de deputados que o partido apresentará a eleições em janeiro. “Temos de apresentar as listas a 20 de dezembro, todos os nossos esforços têm de estar concentrados na preparação de uma alternativa”.

Simultaneamente, a possibilidade de coligações com o PSD também está em cima da mesa e é usada como argumento para a atual direção não ser contestada neste momento. “De facto, há um impedimento de em seis semanas prepararmos o partido , para a aprovação de listas, de coligações, pressupõe falar com a nova liderança do PSD e isso não se faz em seis semanas, num partido que está urgentemente a precisar de chegar ao coração das pessoas”, disse a porta-voz dos centristas. Acontece que, na realidade, não são seis, mas oito semanas. Desta forma, a direção dos centristas teria tempo para falar com a liderança dos sociais-democratas, que só será eleita a 4 de dezembro.

Mas tal como nota o Expresso, as contas de Cecília Anacoreta Correia foram mais longe, até à legitimidade ou não do líder e ao fim do mandato deste. Na sua opinião, Rodrigues dos Santos “tem mandato até ao dia da entrega das listas, até ao dia das eleições, e estará legitimado até ser substituído. Acontece que, na realidade, o mandato de de “Chicão” acaba três dias antes das eleições, mas, como evoca a atual direção, Paulo Portas teve mandatos de 27 meses e o partido, mesmo sem eleições internas já depois do final de mandato de Francisco Rodrigues dos Santos, não fica órfão de líder.

Numa reação a estas declarações, Nuno Melo afirmou que este é o “pior momento da história do partido” e reafirmou a necessidade de um congresso para “pacificar” o CDS. “O partido não aceita outra coisa que não seja o congresso para a pacificação”, afirmou à rádio Observador, onde afirmou ainda que o “CDS está em estado de sítio e que o “tumulto interno” que se vive nas hostes centristas foi provocado pelo facto de os militantes não se poderem pronunciar em congresso.

Apesar destas afirmações e dos apoios que tem recebido, nem que seja através das desfiliações que tinham como objetivo contestar a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, Nuno Melo tem hoje um forte adversário que não o atual líder. José Ribeiro e Castro, em entrevista ao jornal Público, o histórico centrista que existem “movimentos” por trás da turbulência interna do CDS que têm como objetivo beneficiar outros partidos, a começar pela Iniciativa Liberal. O antigo líder afirma mesmo que os casos de Adolfo Mesquita Nunes e Michael Seufert, que recentemente anunciaram a desfiliação do partido, fazem parte destes movimentos — citando casos da relação deste políticos com a IL num passado recente.

ZAP //

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