O presidente da distrital de Lisboa teceu duras críticas à liderança de Francisco Rodrigues dos Santos e à decisão de não fazer um congresso. No entanto, vai ficar no partido “nem que seja o último a fechar a porta”.
Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, o líder da distrital do CDS em Lisboa falou do futuro do partido.
João Gonçalves Pereira aponta que a liderança centrista “foi a morte da sua própria estratégia” ao apostar primeiro “numa coligação com o PSD” e depois ao recusar “ir a um congresso”. “A situação revela, lá está, que o problema é de maturidade política”.
“Infelizmente, temos hoje uma situação muito crítica, preocupante no CDS, com enorme responsabilidade da direção e do seu presidente, com o facto de não se querer legitimar, não querer ir a um congresso, não querer sufragar um programa interno que é a moção e a sua liderança, e isso fez perder valor ao próprio partido”, aponta o ex-deputado, que acredita que há o risco do eleitorado “penalizar” o CDS.
João Gonçalves Pereira revela que já há 25 anos que é centrista e que “nunca tinha visto” o Presidente do Conselho Nacional tirar a palavra aos membros de “uma forma absolutamente autoritária” e lamenta a saída de vários rostos conhecidos do CDS que foram “perseguidos por ter opinião”.
Sobre a saída de Pires de Lima ou Adolfo Mesquita Nunes do partido, Gonçalves Pereira diz respeitar as decisões e fala num “grito de revolta e indignação” com a direcção, não considerando que a saída destes nomes de peso prejudique o partido.
As sondagens também não se figuram animadoras para o CDS. “Com Assunção Cristas tivemos 4,2% nas últimas legislativas. A melhor sondagem que Francisco Rodrigues dos Santos tem anda perto dos 2%, portanto, é metade. Isso é preocupante. É preocupante que o partido não tenha proposta política“, afirma.
Apesar de não querer ser o “profeta da desgraça”, o líder distrital fala de uma “preocupação” do cidadão comum quando “um partido fundador da democracia” está “em risco de, pura e simplesmente, desaparecer.
No entanto, apesar das suas críticas, o ex-deputado diz que vai ficar no CDS e fazer campanha “independentemente de ter uma enorme divergência com esta direção e com esta liderança”. “Eu ficarei no CDS até ao fim, nem que seja o último a fechar a porta”, remata.