Luís Montenegro defende o PSD e acha que deveria ser o seu partido a governar a partir de Março; é uma questão de “higiene”.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, apontou, na terça-feira à noite, a necessidade de o país mudar o partido que está no Governo “por uma questão de higiene democrática”, considerando que os socialistas acham-se os “donos disto tudo”.
“Precisamos de um governo novo porque precisamos de ter mais futuro, porque o Partido Socialista falhou em tudo aquilo que é importante na vida social e económica do país e também precisamos por uma questão de higiene democrática”, afirmou.
O líder dos sociais-democratas discursava após um jantar com apoiantes num hotel de Beja, no final do segundo dia da iniciativa Sentir Portugal neste distrito alentejano e após passagem pelos concelhos de Moura, Serpa, Barrancos, Almodôvar, Mértola e Serpa.
Sublinhando que existe em Portugal “uma cultura muito socialista” de que o Estado e o PS “são a mesma coisa”, Luís Montenegro salientou que “o Partido Socialista tomou conta do Estado e acha-se mesmo o dono disto tudo”.
“Estas eleições têm que ser aproveitadas para cortar o mal pela raiz“, vincou, referindo que a necessidade de mudança do partido no Governo “tanto vale que ganhe um como ganhe o outro no PS”, pois “são farinha do mesmo saco”.
Com o presidente da Distrital de Beja, Gonçalo Valente, e a única deputada do partido eleita no Alentejo, Sónia Ramos, na assistência, Montenegro insistiu que “é preciso acabar com esta cultura de apropriação do Estado”.
“Estes senhores julgam-se mesmo os detentores do poder absoluto e é preciso dizer aos portugueses que o Estado precisa de respirar e as pessoas e a sociedade têm que respirar”, realçou.
Para o presidente social-democrata, se o PS se mantiver no Governo e com o maior número de presidentes de câmara, a sociedade vai “alimentar esse poder absoluto” e a “contribuir para a confusão entre o Partido Socialista e o Estado”.
Cavaco Silva
Na sua intervenção de quase 30 minutos, o dirigente ‘laranja’ lamentou o tom “deprimente” com que António Costa se referiu a Cavaco Silva, na segunda-feira, durante uma entrevista televisiva.
Nessa conversa com a CNN Portugal, o primeiro-ministro em gestão criticou o atual PSD e perguntou: “Como é que, ao fim destes anos todos, o melhor que têm para dar energia ao partido foi ir buscar o Cavaco Silva para animar o PSD?”
Costa parecia “querer subestimar o facto de no PSD termos muito orgulho no seu legado enquanto primeiro-ministro“, disse Montenegro, referindo que “um governo de maioria absoluta cair ao fim de 15 meses nunca aconteceu nos governos do professor Cavaco Silva”.
“Uma das frustrações que seguramente o doutor António Costa é que em termos de projeto, capacidade de realização, progresso e desenvolvimento, o professor Cavaco Silva dá, não é 10, é 100 a zero a António Costa como primeiro-ministro“, continuou.
O líder do PSD afirmou-se ainda chocado por ver “todos os dias cerimónias” em que participam membros do atual Executivo socialista, agora em gestão, “como se o Governo tivesse a iniciar” funções.
Quanto ao Baixo Alentejo, Montenegro lembrou que o PS tem nesta região dois deputados e a presidência de 10 câmaras municipais, concluindo que, mesmo com um Governo do mesmo partido e com maioria absoluta, “não conseguem nada para o distrito”.
“É o cúmulo da incompetência política“, exclamou.
Entre outras propostas, o presidente social-democrata disse querer acabar com a tendência que existe de dezenas de milhares de jovens que procuram oportunidades de emprego fora de Portugal e lançar um rendimento mínimo garantido para os pensionistas.
“O país de impostos altos e serviços públicos mínimos não tem futuro”, acrescentou.
A iniciativa Sentir Portugal no distrito de Beja termina na quarta-feira com visitas nos concelhos de Odemira e Ourique.
ZAP // Lusa
O problema é que a figura de Cavaco Silva é actualmente, mas também historicamente, deprimente.