Padres representam a maioria dos abusadores sexuais na Igreja Católica, mas também há casos que envolvem catequistas e freiras.
Desde a sua criação, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja (CIEAMI) já recolheu 338 testemunhos de vítimas. Os dados divulgados agora permitem traçar a estimativa de que terão existido mais de 1.500 vítimas de abuso sexual na Igreja Católica ao longo dos últimos 70 anos.
Até agora, 17 casos já seguiram para o Ministério Público, sendo que todos eles envolvem padres ainda no ativo.
Os abusadores sexuais são “maioritariamente” padres, mas também há “catequistas e religiosas (freiras)”, revelou Ana Nunes de Almeida, socióloga e membro da Comissão, numa conferência de imprensa realizada ontem em Lisboa.
“A esmagadora maioria dos abusos é praticada por padres e não tanto por catequistas e acólitos”, disse Ana Nunes de Almeida, falando ainda em freiras.
Os abusos aconteceram, regra geral, em sacristias e confessionários, mas também em “colégios particulares, instituições, seminários e escuteiros”, adiantou também Pedro Strecht, coordenador da CIEMAI, citado pelo Jornal de Notícias.
Strecht realçou que há “poucas expectativas quanto ao êxito de uma investigação criminal”, porque a “esmagadora maioria” dos testemunhos recebidos são anónimos.
“Não identificamos, em muitos deles, o abusador nem o local do abuso. Por outro lado, chegamos à conclusão, ainda que não confirmada, que a baixa idade de algumas vítimas não as liberta para a decisão de testemunharem autonomamente pelo que, sendo assim, importará atuar junto das famílias para que também sejam elas a fazê-lo”, explicou Laborinho Lúcio, que integra a comissão.
Em 68% dos 338 depoimentos recolhidos, os denunciantes “sabiam que havia mais” menores a serem vítimas do mesmo agressor.
De acordo com o JN, “o toque ou beijos em zonas erógenas” e “a manipulação de órgãos sexuais” foram as formas mais comuns de abuso. A penetração era mais incomum.
Há ainda “imensas situações” em que a superiores hierárquicos da Igreja não valorizaram o que lhes foi transmitido, ocultado crimes de abusos, revelou Pedro Strecht ao jornal Público.