Em outubro, está previsto o arranque de um projeto-piloto de cartões eletrónicos sociais, que deverá abranger cerca de 30 mil pessoas.
De acordo com o Jornal de Notícias, os cartões eletrónicos sociais devem permitir que essas pessoas carenciadas os usem para comprar os bens alimentares de que mais necessitam.
Esta medida “irá coexistir com a modalidade de cabazes alimentares”, explica o Ministério da Segurança Social. Mas vem dar resposta a uma necessidade sentida no terreno e irá contribuir para restituir a dignidade aos mais vulneráveis.
A possibilidade de os beneficiários do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas poderem comprar os alimentos de que mais gostam, sem estarem expostos em filas e sujeitos a olhares indiscretos, é uma das principais mais-valias dos cartões apontadas pelos técnicos e utentes.
Além de combaterem o estigma, estes cartões permitirão a algumas pessoas não terem de pedir a familiares ou a amigos para lhes guardarem os congelados, por não terem arcas, ou impedir que os alimentos se estraguem, quando não têm essa rede de apoio. “E há muita gente que não gosta de cavala”, revela C., assistente social em Leiria.
“Temos pessoas com problemas de saúde, como diabéticos, que não podem comer alguns alimentos”, alerta, por outro lado, I.
A assistente social em Setúbal questiona por que não é atribuído leite aos idosos. “A idade é que define o que se pode comer?”
V., técnica na Guarda, acrescenta que tem uma família síria numerosa que não consome todos os alimentos por razões culturais. “Se queremos emancipar as pessoas, tem de ser através do cartão eletrónico social”.