“A gente que não presta”: 200 militantes do PS criticam Costa e César

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Tiago Petinga / Lusa

António Costa e Carlos César são os alvos de uma carta aberta relacionada com acusações públicas na última reunião da comissão nacional do partido.

Uma carta aberta, escrita por cerca de 200 militantes do Partido Socialista (PS), critica publicamente António Costa e Carlos César.

O secretário-geral e o presidente do PS foram protagonistas na reunião da comissão nacional do partido, que se realizou há três semanas.

Nesse encontro em Matosinhos, António Costa disse a Daniel Adrião (líder do Movimento Democracia Plena, crítico da direcção do PS) que este “anda há muito tempo a minar o PS“.

Carlos César afirmou que havia “gente que não presta” dentro daquele espaço.

Essa expressão originou o início deste documento: é a Carta aberta da “gente que não presta”, partilha o jornal Público.

A carta começa por citar Mário Soares, António Guterres, Jorge Sampaio, Francisco Assis e Maria de Belém Roseira. Só figuras do PS que disseram que o PS é livre, diverso, democtrático, com respeito, pluralismo, liberdade de expressão, diálogo…

Foca-se no pluralismo e nos direitos democráticos, citando depois o próprio António Costa: “No Partido Socialista, temos um debate interno rico e plural, que nos fortalece e nos permite encontrar as melhores soluções. Acredito profundamente que a democracia se fortalece com a diversidade e a participação de todos.”

Mas “algo não está bem”, avisam os militantes socialistas. “Com insistência, de uma forma tão subtil como perversa, a inércia acomoda a vontade, a conveniência absorve a visão, o círculo domina o interesse e a aparência vicia a verdade”.

“No final, onde existiam valores e princípios, nascem anátemas e desconfianças. Onde se proclamava abertura e mobilização, exige-se unanimismo acrítico que preserve a comodidade”, alerta o documento.

Depois, o foco na tal última comissão nacional do partido, que “foi mais um infeliz e muito perigoso sinal de que o PS enfrenta um penoso processo de autofagia e autodefesa“.

Aconteceu algo “muito grave”: na comissão nacional “fez-se censura, ofenderam-se militantes por delito de opinião, não se tolerou ouvir a diferença, instigaram-se reações sobre quem, legitimamente, ousou afirmar que “o rei vai nu””.

“E não, quem o fez não foram uns meros militantes de base emocionalmente mais exaltados. Quem o fez, foram os próprios Presidentes e Secretário-Geral do Partido”, recorda a carta.

Com expressões “bem audíveis, tão perigosas como intolerantes, que apenas têm como consequência acicatar reacções de oposição, e amedrontar aqueles que ousam afirmar que há outras alternativas e visões dentro do partido”.

“O PS não é, nem pode ser isto. O PS é, e tem mesmo de ser, a antítese disto”, reforçam os militantes.

Porque no Partido Socialista “não há gente que não presta ou que mina o partido”.

“O PS não são só aqueles que circunstancial e transitoriamente ocupam lugares de poder e que o defendem de forma acérrima. O PS são também muitos outros que de forma desinteressada não querem ser meros espectadores passivos apenas para preservar a comodidade conjuntural do partido”, lê-se no documento.

“Somos todos, orgulhosamente, gente que não presta”, finaliza a carta aberta assinada, entre outros, pelo próprio Daniel Adrião Carta e por Jorge Máximo e Manuel Brito, que foram vereadores em Lisboa quando o presidente da Câmara Municipal era António Costa.

ZAP //

9 Comments

  1. Há muita gente dentro do PS que ainda não viu que AC, desde dos tempos da Universidade, tem como principio o seguinte: “Quem não por mim é contra mim”

  2. Eh lá!….
    Resquícios de leninismo. Quem não está de acordo “não presta”. A seguir vem a purga e a eliminação das fotografias?
    Apre! Isto é o que vale a maioria.

  3. Esta reação é uma forte pancada em Costa. E com razão mais que justificada. Costa é um indivíduo praticamente comunista e terrivelmente teimoso e arrogante. Quem não lhe bate palmas, no partido, é corrido. Quando é que esta vermelhidão acaba?

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