Os antigos governadores do Banco de Portugal (BdP) integram o conselho consultivo, que está, agora, a debater o reforço da sua intervenção na instituição. Carlos Costa está de saída, mas vai avaliar o seu sucessor.
Apesar de deixar as funções de governador, Carlos Costa poderá não abandonar totalmente o Banco de Portugal: o atual líder vai passar a integrar o conselho consultivo da autoridade, um órgão que tem estado no centro da discussão pelo reforço da sua ação, para que se pronuncie sobre as contas anuais e o trabalho do supervisor financeiro.
De acordo com o semanário Expresso, se tal de concretizar, aumentará o escrutínio à administração do supervisor.
O conselho consultivo do BdP pronuncia-se “não vinculativamente, sobre o relatório anual da atividade do banco”, “a atuação do banco” e ainda sobre “assuntos que lhe forem submetidos pelo governador ou pelo conselho de administração”. Vítor Constâncio e António de Sousa, ex-governadores, integram este órgão, que passará também a contar com Carlos Costa.
Os quatro convidados pelo Executivo para este órgão – Francisco Louçã, Murteira Nabo, João Talone e Luís Nazaré – estão de saída pelo facto de terem sido propostos por Mário Centeno enquanto ministro das Finanças. Estes nomes colocaram o lugar à disposição ou apresentaram a demissão.
Além destas quatro personalidades e dos ex-governadores, o conselho consultivo conta com o governador, que preside, e o vice-governador (Luís Máximo dos Santos), o líder do conselho de auditoria do banco, Nuno Fernandes, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, e ainda a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, e com representantes das regiões autónomas, Roberto Amaral e Pedro Bettencourt Calado.
Na mensagem endereçada ao novo ministro das Finanças, João Leão, Louçã refere que está a ser debatido, dentro do Banco de Portugal, um “reforço” da capacidade de atuação do conselho consultivo, sendo que este órgão tem hoje uma atividade muito reduzida.
O antigo líder do Bloco de Esquerda propôs uma formalização das pronúncias feitas nas reuniões e uma efetiva avaliação do relatório anual da administração. Se se concretizar, Mário Centeno entrará no Banco de Portugal com um reforço do escrutínio sobre o seu trabalho – e Carlos Costa poderá participar nesse escrutínio.