Desde os grandes carregadores às pequenas empresas, passando pelos transitários e empresas de transporte, todos se queixam da prática das grandes empresas de shipping que estão a congestionar portos, a atrasar entregas e a cobrar cinco vezes mais pelo mesmo serviço.
Desde novembro que começaram a faltar contentores disponíveis para o transporte marítimo e alguns portos mundiais começaram a ficar seriamente congestionados. Os serviços de transporte ficaram significativamente irregulares e os preços dispararam para duas, três ou cinco vezes mais face ao que era praticado antes da eclosão da pandemia, revela o Público.
O jornal avança que os preços são um problema sério, mas o facto de não se conseguir arranjar espaço disponível para enviar mercadoria nos navios também – situação que afeta particularmente as empresas que vão buscar à Ásia, em geral, e à China em particular, matéria-prima, componentes e produto acabado essenciais ao seu negócio.
Há uma grande dificuldade em encontrar contentores vazios para enviar carga, e há uma quase impossibilidade de encontrar espaços dentro dos navios, que mantiveram linhas de transportes reduzidas, mesmo depois de a procura ter não só normalizado, mas disparado.
“Foi uma tempestade perfeita”, limita-se a constatar António Belmar da Costa, diretor executivo da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (Agepor).
O presidente da Associação Empresarial de Portugal, Luís Miguel Ribeiro, diz que o problema se coloca nos dois sentidos, “quer no fluxo das exportações quer das importações”.
Acrescenta ainda que as empresas associadas da AEP reportaram “o enorme constrangimento nas importações de matérias-primas provenientes do mercado oriental para a produção industrial nacional”, por terem vindo a registar acréscimos incomportáveis no custo de transporte.
Pedro Galvão, presidente do Conselho Português de Carregadores, alerta para os constrangimentos e as falhas que estão a observar-se em vários pontos do fluxo internacional, alertando para a possibilidade de, mesmo quando os navios estiverem de novo todos em movimento e a circulação normalizada, este aumento de taxas passar a ser “o novo normal”.
“No ano em que temos a Presidência da UE devemos poder intervir de forma enérgica, a exemplo do que já fizeram outras, nomeadamente na avaliação do regime (BER) de isenção das regras da concorrência aos consórcios de companhias de navegação, uma vez que esta isenção deve ser concedida quando dela se retira benefício para os consumidores, o que manifestamente, em nosso entender não está acontecer”, remata o presidente da APAT, em declarações ao jornal Público.