Os canos de esgoto são a arma secreta da Ucrânia contra a Rússia

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Atef Safadi / EPA

A Ucrânia está a usar canos de esgoto para criar réplicas de obuses que servem para enganar os russos e fazê-los desperdiçar recursos.

Numa tentativa estratégica de proteger as vidas ucranianas e fazer a Rússia gastar armamento dispendioso, a empresa de aço e mineração ucraniana Metinvest está a  produzir versões de tecnologia militar ocidental avançada, incluindo réplicas dos obuses M777 de 155mm.

Os obuses M777 originais têm um preço de vários milhões de dólares, mas as réplicas da Metinvest são fabricadas por menos de 1000 dólares, com um ingrediente caricato: tubos de esgoto velhos.

Estas falsificações são projetadas para imitar as assinaturas térmicas de armas reais, enganando assim os dispositivos russos que as procuram destruir. A estratégia, que também envolve a criação de lançadores de mísseis falsos a partir de madeira, visa fazer a Rússia desperdiçar os seus recursos nestas réplicas de baixo custo, preservando assim as vidas dos ucranianos e drenando os ativos militares russos. Centenas de réplicas da Metinvest já foram alvo com sucesso pelas forças russas.

“A guerra é cara e precisamos que os russos gastem dinheiro usando drones e mísseis para destruir as nossas réplicas. No final de contas, os drones e mísseis são caros. Os nossos modelos são muito, muito mais baratos“, explica o porta-voz da Metinvest à CNN.

Notavelmente, a própria Rússia não se coibiu de táticas semelhantes, com registos documentados da criação de trincheiras falsas para tentar enganar os ucranianos. Até agora, muitas centenas de réplicas foram destruídas e a empresa está a esforçar-se para conseguir responder às exigências do exército.

Esta iniciativa começou durante as fases iniciais da invasão da Rússia em fevereiro de 2022. Inicialmente, as iscas eram bastante rudimentares e tinham apenas o objectivo de ser feitas rapidamente, para serem levadas para a linha da frente a fim de fazer com que a Ucrânia parecesse mais bem armada do que realmente estava.

Mas à medida que a guerra avança e o armamento que chega ao país se torna cada vez mais sofisticado, o mesmo acontece com as criações da empresa. A ideia das réplicas foi fruto do pensamento de três gestores seniores da Metinvest.

Refletindo sobre os aspetos psicológicos da estratégia, um gestor comentou ao The Guardian: “Pensámos que, se os russos vissem muitas armas, poderiam ter medo de avançar ou de bombardear uma área.”

O sucesso destas réplicas é inversamente medido pela sua longevidade; um modelo rapidamente destruído implica que o seu design foi convincente o suficiente para ser imediatamente confundido com o real. Qualquer réplica que permaneça intacta durante um período prolongado é redesenhada. “Quanto mais cedo as nossas réplicas forem destruídos, melhor para nós”, destaca o porta-voz.

Adriana Peixoto, ZAP //

7 Comments

  1. A partir deste momento deixou de ser secreta, é incrível como estás informações passam cá para fora. Da Rússia nada se sabe, do lado Ocidental sabemos até quantas balas foram gastas e onde . Não é assim que se ganha uma guerra. Ir para as redes sociais informar quantos blindados estão a deslocar-se e para onde…devem achar que não existe espionagem do lado de Moscovo, santa ingenuidade, isto só para ter uns likes algures.

  2. Agora passou a ser a arma menos secreta do mundo, e o Putin já deve ter pedido um mapa de todos os esgotos em Kiev e arredores!!!! Bonito serviço….

  3. Essa técnicas são antigas e longe de serem secretas, na segunda guerra eram feitos tanques de borracha infláveis para enganar os alemães, A questão é quanto isso engana,, os alvos tem que ser atacados de qualquer jeito, então a existência de réplicas acrescenta uma dificuldade extra, atacar e desperdiçar recursos ou não atacar e permitir que uma arma trabalhe livremente,, Sun Tzu , a guerra se ganha com o cérebro também.

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