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Cancro na próstata está a aumentar em Portugal. Mas a procura por ajuda e diagnóstico também

urologysa / Flickr

Terapia de radiação para o cancro da próstata numa unidade hospitalar

O responsável clínico pelo Instituto da Próstata, José Santos Dias, alertou esta quinta-feira para o aumento da frequência dos casos de cancro da próstata em Portugal e insistiu na necessidade de rastreios anuais para aquela que é a segunda causa de morte oncológica.

“O número de doentes com cancro na próstata tem aumentado nos últimos anos. Isto acontece porque estamos a diagnosticar mais casos, mas também porque está a ocorrer um aumento da frequência da doença”, disse à agência Lusa José Santos Dias.

O urologista lembrou que o tumor da próstata é um dos mais frequentes no homem nos países industrializados e que é a segunda causa de morte oncológica.

“Felizmente, cada vez mais homens procuram ajuda e o diagnóstico, mas ainda temos muitos doentes, menos do que no passado, que quando fazem o diagnóstico já estão numa fase avançada e a doença já avançou mais do que devia e já não é eliminável”, afirmou.

O especialista frisou que, a partir dos 45/50 anos, os homens devem fazer uma avaliação do PSA (antigénio prostático específico) e o toque retal, mas lamentou que tal não aconteça sempre e diz que há “doentes novos com tumores na próstata que, por não terem feito este rastreio anual, perderam a possibilidade de eliminar a doença”.

“Nós cada vez temos tratamentos mais eficazes e menos agressivos, que permitem que o doente, apesar deste diagnóstico, possa viver muitos anos sem queixas do tumor, desde que ele seja diagnosticado precocemente, o que infelizmente continua a não acontecer em muitos casos”, recordou.

Sobre os dois exames usados para o rastreio – toque retal e análise sanguínea ao PSA – disse que o importante é não fugir ao diagnóstico. “Mais vale fazer só o PSA do que não fazer nada (…), mas há alguns casos de tumores que não são diagnosticados ainda com o PSA, só com outros exames, pois ou são muito localizados ou muito diferenciados e não produzem PSA. Daí ser recomendado fazer as duas avaliações”, aconselhou.

National Cancer Institute / Wikimedia

O médico recordou que o cancro da próstata “não dá muitas queixas” e que a maior parte delas “são provocadas pelo aumento benigno”: “Quando este cancro dá sintomas já está numa fase avançada”.

“As queixas urinárias como a dificuldade em urinar, o acordar mais vezes de noite para urinar, ter vontade súbita de urinar, ter sangue na urina ou demorar muito tempo a urinar, tudo deve ser avaliado. Mas não quer dizer que essas queixas sejam por causa de cancro na próstata”, afirmou.

“Também não quer dizer que por não ter essas queixas que está livre de poder ter tumor da próstata”, acrescentou o especialista, sublinhando que o importante é falar da doença e alertar para a importância do rastreio.

Para alertar para a necessidade de rastreio de um tumor que se for diagnosticado cedo por ser eliminado, o Instituto da Próstata, em conjunto com a Associação Portuguesa de Doentes da Próstata (APDP), promove no dia 07 de setembro a P-Race – Corrida da Próstata, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. As verbas conseguidas revertem a favor da APDP e servirão igualmente para apoiar a investigação sobre este cancro.

A iniciativa conta com o apoio de figuras públicas como o selecionador nacional de futebol, Fernando Santos, o ator Joaquim de Almeida, o antigo jogador de futebol do Benfica Humberto Coelho e o atleta paralímpico Jorge Pina, entre outros.

“Servirá para ajudar a passar a mensagem que é necessário fazer a avaliação que poder salvar vidas e melhorar a qualidade de vida, assim como para divulgar a doença e a existência de tratamentos eficazes e seguros, e sem grandes efeitos secundários, que podem evitar a morte”, disse o responsável, frisando que os estudos provam que o exercício físico ajuda a reduzir a progressão e a mortalidade neste tipo de cancro.

O cancro na próstata é responsável por cerca de cinco mil a seis mil novos casos de cancro por ano em Portugal, causando cerca de 1.800 mortes/ano.

TP, ZAP //

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