Cancro infantil: Os pais precisam de muito mais apoio

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O diagnóstico de cancro numa criança aumenta os gastos da família em mais de 650 euros mensais, podendo ir até aos 850. Os pais vivem com a preocupação de dar o melhor e facilitar a vida aos filhos, mas precisam de mais apoios.

Um estudo divulgado esta segunda-feira, no início do “setembro dourado”, mês de Sensibilização para o Cancro Infantil, reflete quando um cancro infantil penaliza a dobrar uma família.

Recordando que em Portugal surgem anualmente cerca de 400 novos casos de cancro em crianças, o estudo cita “evidências de vários especialistas e estudos” para dizer que “um diagnóstico de cancro numa criança afeta entre 50 e 100 pessoas”, entre familiares próximos e de família alargada, amigos, colegas, professores e comunidade.

A Acreditar – Associação de Pais e de Amigos de Crianças com Cancro, que divulgou o estudo, explica que o inquérito se destinou a identificar as dificuldades das famílias, tendo os resultados apontado “para a necessidade de mudanças que visem uma maior qualidade de vida para doentes, cuidadores e sobreviventes”.

Tendo a participação de 472 famílias, concluiu-se que aumentam as despesas e diminuem os rendimentos quando um filho ou filha tem cancro.

“A média mensal, entre mais gastos e menos rendimento, é de 654,45€. São mais 21% do que em 2017, ano em que Acreditar fez um inquérito idêntico a nível nacional”, explica-se no comunicado.

No caso dos trabalhadores por conta própria, destaca a Acreditar, o valor de mais gastos e menos rendimento chega aos 844 euros.

Segundo o documento, o que mais contribui para o aumento da despesa é o transporte, com 67% das famílias a optar por usar automóvel, para proteger as crianças, uma vez que o sistema imunitário dos doentes fica frequentemente fragilizado.

E despesa suplementar também na alimentação, que é mais cuidada, e na medicação.

“A perda de rendimento deve-se, sobretudo, ao facto de o subsídio de acompanhamento a filho com doença oncológica ser pago apenas a 65% ou, em alguns casos, à necessidade de um dos pais se desempregar para poder acompanhar o filho doente, ou de o desemprego lhe ser imposto”, nota a associação.

Mais apoios são necessários

A Acreditar defende a importância de “reforçar a necessidade de se alterar o valor deste subsídio para a totalidade do ordenado auferido anteriormente ao diagnóstico. Como é importante, segundo a maior parte dos pais, que o outro cuidador tenha direito à licença de acompanhamento nas fases críticas da doença.

Ainda de acordo com os resultados do inquérito, após a alta, 34% dos sobreviventes responderam não serem seguidos numa consulta de acompanhamento, o que reforça a “necessidade da implementação de consultas estruturadas de sobrevivência”.

Os cuidadores também se queixam da falta de recursos humanos e materiais, ou da falta de investimento global do país em novos tratamentos de maior precisão, direcionados para a especificidade do tumor dos seus filhos (o cancro pediátrico engloba 12 tipos e mais de 100 subtipos).

A sensibilização para o cancro infantil é este mês promovida em todo o mundo. Só na Europa registam-se cerca de 35.000 novos casos em cada ano, 6.000 deles fatais. A maioria do meio milhão de sobreviventes na Europa tem efeitos adversos que constrangem a qualidade de vida.

A Organização Mundial de Saúde estima que em cada ano 400.000 crianças e adolescentes desenvolvam cancro no mundo, sendo mais frequentes as leucemias, os cancros no cérebro ou os linfomas.

Nos países ricos mais de 80% das crianças com cancro são curadas mas nos países pobres esse valor fica abaixo de 30%.

ZAP //

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2 Comments

  1. Concordo plenamente que uma família com uma criança com cancro deve ter mais apoio. Também deveria haver mais apoio se houver vários filhos, para que possam ser apoiados também a nível psicológico. Só o custo do transporte e o custo de quaisquer adaptações deveriam ser reembolsados. Se um adulto tiver cancro, pode beneficiar de isenção de IMI e de imposto automóvel. O mesmo se deveria aplicar neste caso. A minha neta teve cancro e fez terapia através da dança. Infelizmente, esta terapia teve de ser interrompida por falta de apoio do governo.

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