Eileen Gu tornou-se famosa nos Jogos Olímpicos. Ainda se está a adaptar aos três empregos a tempo inteiro durante todo o ano.
Eileen Feng Gu, ou Gu Ailing (adaptação em chinês), tem 19 anos e tornou-se famosa a nível global nos Jogos Olímpicos de Inverno do ano passado.
Em Pequim, foi bicampeã olímpica no esqui estilo livre, na especialidade big air e na especialidade halfpipe. Aos 18 anos, passou a ser a campeã olímpica mais jovem de sempre em esqui estilo livre.
E, ao conquistar a medalha de prata em slopestyle, tornou-se na primeira esquiadora, estilo livre, a ficar com três medalhas numa edição dos Jogos Olímpicos.
Mas a vida de Ailing (Eileen) Gu não é só praticar esqui. Estuda física quântica na Universidade de Stanford, no seu país natal, os Estados Unidos da América.
“Fora do esqui, sou uma grande nerd!”, disse a própria em entrevista ao portal oficial dos Jogos Olímpicos.
“Eu gosto mesmo de aprender e de expandir a minha mente. Isso é o que eu realmente adoro na física quântica: é muito conceptual e faz-te questionar a natureza da realidade. Isso é muito fascinante para mim porque, à minha maneira, quando estou a esquiar, acho que estou a quebrar as leis”, continuou a jovem de 19 anos.
“Alcançar o impossível sempre foi algo que me atraiu, então é aí que vejo o paralelo entre a física quântica e o esqui”, explica a atleta.
Três empregos
Trabalhadora-estudante? Trabalhadora a tempo parcial? Estudante com estatuto de atleta de alta competição? Nada disso. Gu olha para si como uma “trabalhadora a tempo inteiro” em tudo que faz.
Mas esta nova vida, que começou no final de 2022 (quando iniciou a licenciatura), é um desafio: “Fui estudante a tempo inteiro toda a minha vida. Mas voltar a ser um estudante a tempo inteiro depois de tirar dois anos para ser esquiadora profissional é definitivamente um novo passo para mim”.
E há mais: Eileen Feng Gu também é modelo. “Estou a adaptar-me ao facto de trabalhar em três empregos a tempo inteiro durante todo o ano, entre moda, escola e esqui.”
Defensora de um estilo de vida equilibrado, está agora a canalizar a sua criatividade e a sua auto-expressão através do esqui, da moda e dos estudos.
Isto já vem de trás: a sua mãe, Gu Yan, completou um mestrado em engenharia química e seguiu depois para um MBA, precisamente em Stanford.
Entretanto foi mãe aos 40 anos. Mãe solteira. “A minha mãe inspirou-me muito enquanto crescia, principalmente pela sua capacidade de fazer as coisas acontecerem”, admitiu Ailing.
E prolongou-se sobre a admiração pela sua mãe: “Toda a gente pode falar sobre os seus objectivos ambiciosos ou sobre ambições aparentemente inalcançáveis – mas ser capaz de baixar a cabeça e criar um plano de acção real e trabalhar para alcançá-lo todos os dias é 90% da batalha real”.
Polémica EUA-China
Quem é leitor atento do ZAP, estará associar o nome desta campeã olímpica a outro contexto.
No ano passado, já durante os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, Gu foi aplaudida mas criticada ao mesmo tempo.
A atleta nasceu nos EUA, onde ainda vive. O pai também nasceu nos EUA e a mãe é chinesa. Quando começou a competir, em 2018, representava o seu país natal, EUA; mas no ano seguinte decidiu mudar de nacionalidade, já a pensar nesta edição dos Jogos Olímpicos que se realizaram precisamente na China.
“Quero ajudar a inspirar milhões de pessoas na China. Através do esqui, espero conseguir unir as pessoas, promover o entendimento comum, criar comunicação e criar amizades entre as nações“, explicou a jovem, na altura.
Deixar a nacionalidade dos EUA para optar pela China? Nada vulgar, no panorama do desporto profissional. Houve quem lhe chamasse “idiota”.
Gu Ailing é a primeira esquiadora de estilo livre naturalizada na China, a primeira atleta dos EUA com ascendência chinesa a vencer uma medalha de ouro olímpica e a primeira chinesa campeã olímpica no estilo livre.