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Encontradas câmaras “ao contrário” em túmulo neolítico. Eram túneis para os mortos viajarem para o Além

Uma investigadora descobriu que as câmaras dentro do túmulo neolítico Maeshowe foram construídas “de cabeça para baixo” para que os mortos pudessem entrar na vida após a morte.

Maeshowe é um túmulo neolítico construído por volta de 2.800 a.C nas Ilhas Orkney, na Escócia e consiste num grande monte com mais de sete metros de altura por 35 metros de diâmetro que envolve um complexo de passagens e câmaras.

O túmulo faz parte do conhecido Coração Neolítico, é Património da Humanidade e o seu interior fascinou arqueólogos. Considerado um verdadeiro feito da engenharia da época, possui um corredor de quase 11 metros no seu interior que leva a um túmulo central que é iluminado no solstício de inverno.

A investigadora Jay van der Reijden, da Universidade das Terras Altas e Ilhas, estudou a geometria, forma e desenho das câmaras mortuárias laterais da estrutura neolítica.

Agora, uma nova investigação revelou que foram construídas “ao contrário” da principal, invertendo o projeto arquitetónico como se estivessem dentro do submundo e tivessem sido criados como um túnel para as almas ou espíritos dos mortos viajarem para a vida após a morte.

“A interpretação é que as câmaras laterais são construídas para ficarem dentro do submundo e as paredes da câmara principal atuam como membranas, separando esta vida da próxima. O material das paredes internas é concebido para representar fisicamente o submundo”, disse Reijden, em comunicado.

De acordo com a especialista, os habitantes de Orkney no período Neolítico percebiam o Além como uma projeção invertida do aqui e agora.

“Estou muito feliz que a minha investigação, ao estudar a ordem em que as pedras foram colocadas durante a construção, tenha revelado novos resultados e, portanto, seja capaz de dar uma contribuição real para o campo da arqueologia”, disse Reijden.

“O icónico Maeshowe continua a revelar os seus segredos através de um estudo cuidadoso e ponderado”, disse Nick Card, diretor de escavações de Ness de Brodgar. “Este estudo oferece novas formas de abordar e compreender a construção e utilização não só deste monumento, mas também tem implicações mais amplas para a investigação dos monumentos neolíticos de pedra e da sociedade que os construiu”.

Este estudo foi publicado na revista científica Archaeological Review.

ZAP //

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