Cadeias de frio podem salvar metade da comida desperdiçada em todo o mundo

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, cerca de um terço dos alimentos produzidos anualmente a nível mundial é desperdiçado — enquanto cerca de 800 milhões de pessoas passam dificuldades alimentares.

Num novo estudo, publicado o mês passado na Environmental Research Letters, os cientistas mostram que as cadeias de abastecimento totalmente refrigeradas poderiam reduzir as emissões de gases com efeito de estufa relacionados com o desperdício alimentar em 41% a nível mundial.

A investigação centra-se nas perdas de alimentos nas fases pós-colheita e de retalho da cadeia de abastecimento alimentar tendo em conta os gases com efeito de estufa emitidos durante a produção de alimentos.

Segundo a Futurity, a África Subsariana e o Sul e Sudeste Asiático são os países com maior potencial de redução das perdas de alimentos e das emissões relacionadas com o aumento da implementação das cadeias de frio.

O Sul e Sudeste Asiático poderiam alcançar uma redução de 45% nas perdas alimentares e 54% nas emissões associadas à refrigeração otimizada.

Os cientistas afirmam que, em muitas situações, o desenvolvimento de cadeias de abastecimento alimentar menos industrializadas podem produzir poupanças de alimentos comparáveis às cadeias de frio otimizadas.

“Fiquei surpreendido ao descobrir a escala da nossa oportunidade de reduzir a perda e o desperdício de alimentos a nível mundial”, afirma o primeiro autor do estudo, Aaron Friedman-Heiman, em comunicado.

“Aproximadamente metade dos cerca de 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos que são desperdiçados anualmente pode ser resolvida através da otimização da cadeia de abastecimento alimentar”, acrescenta o cientista.

As perdas de alimentos produzem cerca de 8% das emissões de gases com efeito de estufa causadas pelo homem.

O estudo destaca a importância das perdas alimentares relacionadas com a carne. Embora a quantidade de perdas de frutas e legumes seja maior, as emissões relacionadas com o clima associadas às perdas de carne são maiores do que qualquer outro tipo de alimento.

No seu estudo, os investigadores criaram uma ferramenta de estimativa da perda de alimentos para avaliar o impacto que um melhor acesso à cadeia de frio poderia ter na perda de alimentos e nas emissões de gases com efeito de estufa em sete regiões.

Os investigadores analisaram os efeitos da passagem do estado atual de cadeias de frio em todo o mundo para um sistema otimizado, definido como um sistema com refrigeração de alta qualidade em todas as fases.

Os resultados do estudo permitiram concluir que a carne é responsável por mais de 50% das emissões de gases com efeito de estufa relacionadas com perdas de alimentos, apesar de representar menos de 10% das perdas globais de alimentos.

Além disto, sublinham os autores do estudo, a quantidade de redução das emissões destes gases dependerá da eficiência das tecnologias da cadeia de frio e da intensidade do carbono das redes elétricas locais, uma vez que as emissões climáticas associadas à refrigeração podem ser significativas.

Soraia Ferreira, ZAP //

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