Uma descoberta num museu de Melbourne pode ser a chave para ressuscitar o extinto tigre-da-tasmânia, também conhecido como lobo-da-tasmânia.
Os investigadores que trabalham neste projeto encontraram uma cabeça de tigre-da-tasmânia extraordinariamente bem preservada num local inesperado: um balde guardado no fundo de um armário de um museu.
De acordo com Andrew Pask, investigador do laboratório Tigrr da Universidade de Melbourne, a cabeça tinha estado em etanol durante mais de 110 anos.
A cabeça continha longas moléculas de ARN, um elemento crucial para a reconstrução do genoma do animal extinto, que os investigadores consideravam impossível de recuperar de um espécime tão antigo.
“Foi um milagre”, disse Pask ao The Guardian, acrescentando que “fez avançar o nosso trabalho muito mais depressa do que esperávamos”.
O projeto para trazer de volta o lobo-da-tasmânia está a ser liderado pela Colossal, uma empresa norte-americana de biotecnologia. A Colossal, que também está a trabalhar na recuperação de outras espécies extintas, como o mamute-lanoso e o dodó, fez grandes progressos na investigação do lobo-da-tasmânia.
Os cientistas produziram o genoma antigo de maior qualidade de sempre, com apenas 45 lacunas no projeto genético que contém cerca de 3 mil milhões de peças de informação.
O CEO da Colossal, Ben Lamm, descreveu este desenvolvimento como um “salto científico incrível”, colocando a empresa no caminho certo para atingir o seu objetivo de trazer o lobo-da-tasmânia de volta à vida.
O que torna a descoberta do museu de Melbourne tão importante é a presença de longas moléculas de ARN, que permitem aos investigadores conhecer a biologia do animal, incluindo as suas capacidades sensoriais, como o paladar e o olfato. Este é um passo fundamental para garantir que o animal recriado é genuinamente um lobo-da-tasmânia e não um híbrido.
A equipa planeia utilizar células estaminais de um pequeno marsupial com ADN estreitamente relacionado com o do lobo-da-tasmânia e modificar estas células utilizando técnicas de edição genética para se aproximarem das células do lobo-da-tasmânia.
Esta abordagem poderá levar ao nascimento de uma criatura semelhante ao lobo-da-tasmânia nos próximos três a cinco anos.
É triste como a espécie humana consegue recuperar espécies extinta, enquanto caminha a passos largos para a sua destruição.