Decorreram, esta segunda-feira, buscas nos Açores e em vários pontos do território continental por suspeitas de alegada utilização ilegítima de dinheiro do Santa Clara através de transferências para as contas de administradores, avançou o Ministério Público (MP).
“Em causa estão factos suscetíveis de constituir a prática de crimes de branqueamento de capitais, participação económica em negócio, peculato e abuso de confiança”, salientou o MP, acrescentando que a investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) conta com o apoio do Departamento de Investigação Criminal dos Açores da Polícia Judiciária (PJ).
O Record sabe que a investigação também está relacionada com a transferência do médio Hamdou Elhouni do Santa Clara para o Benfica, em 2016.
“Fonte ligada ao caso adiantou que a investigação é complexa e com várias dimensões, focando-se em fluxos financeiros a crédito e a débito entre as contas da SAD com várias empresas e destas com contas sediadas em paraísos fiscais, sem que haja justificação da origem e do destino desses valores”, escreve o desportivo.
Posteriormente, em comunicado, a PJ confirmou que está a desenvolver a operação ‘Milhafre’ na sequência de uma investigação que envolve “uma sociedade desportiva da Região Autónoma dos Açores, bem como pessoas singulares e coletivas, relacionadas com a atividade da mesma”.
Em curso estão “seis buscas no concelho de Ponta Delgada e outras seis em diferentes locais de Portugal continental e na Ilha da Madeira, visando sedes de clube e sociedade desportiva, empresas e escritórios de advogados”, para além de residências em Ponta Delgada, Vila Nova de Famalicão, Moimenta da Beira, Espinho, Lisboa e ainda na Madeira.
Foram também alvo de buscas escritórios de advogados situados em Lisboa e nos Açores e três empresas açorianas.
A operação que está a ser desenvolvida conta com o auxílio da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), a Diretoria do Norte e dos Departamentos de Investigação Criminal da Madeira, de Braga e de Vila Real, além da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática.
Também o Santa Clara já se pronunciou sobre as buscas efetuadas e assegurou que as suspeitas de alegada utilização ilegítima de dinheiro estão relacionadas com atos de gestão de administrações anteriores.
“Esta recolha de documentação está relacionada com atos de gestão de administrações anteriores”, avançou o clube açoriano num comunicado, deixando uma garantia de abertura à justiça: “Esta SAD colaborou — e assim continuará sempre a fazer — com a investigação das autoridades, aguardando pelo normal curso da justiça”.
ZAP // Lusa