Os burros selvagens africanos fazem parte das mais de 30 mil espécies sob ameaça de extinção, o que representa 27% das espécies analisadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A estimativa é que desaparecem até 2023.
Segundo noticiou o Observador, o Quénia foi o último país a proibir a caça desta espécie e a decisão poderá originar uma reviravolta nas previsões. Domesticada há cerca de seis mil anos, segundo a organização internacional Edge, “já só restam algumas centenas dos seus ancestrais selvagens”.
“As populações de burros selvagens estão a diminuir como resultado da caça, tanto pela carne como pela medicina tradicional, a competição com o gado por recursos limitados no deserto e a hibridização com o burro doméstico”, explicou a Edge.
A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN mostra que existem menos de 600 animais desta espécie em Eritreia e na Etiópia. O número de adultos é de cerca de um terço do total, ou seja, entre 23 e 200 animais.
No final de fevereiro, o Ministério da Agricultura do Quénia decretou o fecho dos quatros matadouros. “Queremos acabar com esta criminalidade e brutalidade, e queremos colocar os burros de volta no lugar certo na nossa sociedade, que é a apoiar estilos de vida e a assegurar meios de transporte cruciais”, afirmou Peter Munya, ministro da Agricultura.
Dados da Organização de Agricultura e Gado (KALRO) revelam que, entre abril de 2016 e dezembro de 2018, foram mortos mais de 300 mil burros e exportadas mais de duas toneladas de pele.
“As projeções indicam que até 2023, a população de burros será esgotada mantendo todos os fatores constantes”, apontou a KALRO, acrescentando que “a taxa média anual de burros abatidos (5,1%) foi cinco vezes maior que a taxa de crescimento anual da população de burros (1,04%)”.
O país proibiu por completo que estes animais fossem mortos, o que poderá ser um passo significante para evitar a extinção.
“Nos últimos cinco anos, Quénia tem sido o principal centro de exportação comercial da África. À medida que a população de espécimes foram diminuindo, os comerciantes expandiram a sua rede para criar um stock e, durante o último ano e meio, a maioria dos burros abatidos veio de países vizinhos, como a Etiópia e a Tanzânia. Em muitos casos, eles foram roubados e traficados ilegalmente”, explicou Simon Popes, da organização Pessoas pelo Tratamento Ético de Animais (PETA), citado pelo País.