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“Burocracia enlouquecida” do pós-Brexit está a “matar” empresas escocesas que exportam marisco para a UE

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Desde que a Grã-Bretanha concluiu o processo de negociação do Brexit, a vida dos exportadores britânicos mudou de forma drástica. Apesar de ter havido um acordo comercial com a União Europeia, há várias empresas a ter dificuldades em entregar os produtos. Um dos casos mais afetados são as empresas de marisco.

As novas burocracias representam uma ameaça especial para os exportadores escoceses de frutos do mar, muitos dos quais dependem do mercado europeu porque, segundo dizem, não há procura por estes produtos nos seus países, por isso a única solução para sobreviver é exportá-los.

Jimmy Buchan, presidente-executivo da Scottish Seafood Association, uma organização comercial, disse que o novo sistema pós-Brexit era uma “burocracia enlouquecida”. “São necessários tantos certificados, e se estes não estiverem 100% alinhados, mesmo que seja um erro administrativo, o sistema rejeita-os”.

Outros exportadores relatam que chegam a dedicar um dia inteiro para preencher os papéis necessários para que a mercadoria siga de forma legal.

Num vídeo partilhado no Twitter, Lochfyne Langoustines & Lochfyne Seafarms disse que a sua mercadoria estava presa nos portos, e que as exportações para o continente europeu estavam a tornar-se impossíveis, por isso uma solução poderia ser fechar a empresa.

Victoria Leigh-Pearson, diretora de vendas da John Ross Jr., uma empresa produtora de salmão fumado com sede em Aberdeen, revelou que carregamentos inteiros de camiões estavam a ser rejeitados pelas autoridades alfandegárias francesas, aparentemente sem explicação.

Também Donna Fordyce, presidente-executiva da Seafood Scotland, outro grupo comercial, disse num comunicado que as mudanças desencadearam “camadas e mais camadas” de problemas administrativos, resultando em atrasos, recusas de abertura de fronteiras e confusão.

“Estas empresas não estão a transportar rolos de papel higiénico”, advertiu Fordyce, acrescentando que “estão a exportar frutos do mar da mais alta qualidade, que contam com uma janela finita para chegar ao mercado nas melhores condições”.

Buchan revelou que os clientes estavam a rejeitar algumas remessas e que os produtos que passavam horas à espera de seguir o seu destino, acabavam por perder qualidade e por isso já não podiam ser vendidos.

Esta situação implica custos extras, que o governo escocês estima que devem chegar a cerca de 7 mil milhões de libras anuais para as empresas britânicas.

Com pouca procura na Grã-Bretanha, Knight disse que a única maneira de manter a sua empresa a funcionar será exportar os produtos através do Canal da Mancha, mesmo que as probabilidades estivessem contra ele. Porém, está receoso e diz que “em algum momento vamos apertar a tecla errada no computador ou algum documento terá a data errada”, lamentou.

Embora o sistema se possa tornar mais eficiente nos próximos meses, à medida que os problemas iniciais são resolvidos, é improvável que se torne significativamente menos burocrático agora que a Grã-Bretanha deixou a União Europeia, recorda o NYT.

 

Ana Moura, ZAP //

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