Estrelas mortas estão a explodir em todo o Universo e não sabemos porquê. No entanto, agora, dois investigadores consideram que minúsculos buracos negros feitos de matéria escura podem ser os culpados.
Um par de cientistas, Joseph Bramante e Javier Acevedo, da Universidade Queen, têm uma nova teoria sobre o que pode fazer explodir estrelas mortas, ou seja, anãs brancas, transformando-as em supernovas.
O gatilho oculto que desencadeia a reação em cadeia destrutiva, segundo sugere a equipa, pode ser um minúsculo buraco negro feito de matéria escura que cresce no núcleo da estrela, de acordo com a New Scientist.
Os astrónomos observaram estrelas anãs brancas – os cadáveres de estrelas demasiado pequenas para serem supernovas – a detonar, mas não conseguiram desenvolver modelos que explicassem o porquê. O novo estudo, publicado em agosto na revista científica Physical Review D, preenche o gatilho que faltava.
A dupla fez uma simulação no computador do que aconteceria se matéria escura encontrasse uma anã branca com entre 1 e 1,4 vezes o tamanho do sol. Anãs brancas maiores devem ter suficiente pressão interna para criar um buraco negro.
Bramante e Acevedo consideram que a matéria escura, quando entra na anã branca a cerca de 1% da velocidade da luz, é muito mais quente do que o material que faz a estrela. Após a reação da matéria escura e da matéria na estrela, a matéria escura deve arrefecer e acumular-se no centro.
Assim, a matéria escura – a substância misteriosa e invisível que compõe a maior parte da matéria no universo – acumula-se no centro de uma anã branca até que esta chegue ao limite, entrando em colapso, desmoronando-se e explodindo.
“O segredo das supernovas é que, nos modelos de computador, nunca conseguimos que façam a ignição final”, disse, em declarações ao New Scientist, a astrofísica da Universidade de Charleston, Ashley Pagnotta, que não trabalhou no estudo. “Tem de haver sempre um gatilho injetado.”
Os investigadores não têm certeza de como poderiam confirmar a sua ideia, porque os cientistas ainda não descobriram como observar a matéria escura. Fazer isso durante uma supernova seria ainda mais difícil. “Seria algo como o tamanho de um protão, mas ainda é extremamente massivo”, disse Joseph Bramante ao mesmo jornal.
Tanto a matéria escura como a antimatéria têm tirado o sono aos cientistas. O mundo em que vivemos é apenas feito de matéria, apesar de o Big Bang dever ter criado quantidades iguais de matéria e antimatéria.
Em relação à matéria escura – que compõe cerca de 80% de toda a matéria do Universo – as observações astronómicas mostram que uma massa desconhecida está a influenciar as órbitas das estrelas nas galáxias, mas ninguém foi capaz de determinar as propriedades microscópicas exatas destas partículas.
Aliás, só sabemos da existência da matéria escura devido ao efeito gravitacional que causa na matéria visível, denunciando o seu “rastro”.
Há alguns cientistas que defendem que a matéria escura é composta por uma partícula elementar hipotética – o axião – que desempenha um papel importante para explicar os misteriosos “buracos” no Modelo Padrão da Física de Partículas.