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Buraco negro que “não devia existir” pode não ser um buraco negro

NASA / JPL-Caltech

Uma equipa de astrónomos afirmou ter descoberto um buraco negro de 70 massas solares, que, se for mesmo um buraco negro, desafia severamente a visão atual da evolução estelar.

Astrónomos das universidades de Erlangen-Nuremberg e Potsdam, na Alemanha, descobriram que o buraco negro pode não ser necessariamente um buraco negro. Em vez disso, pode tratar-se de uma estrela de neutrões massiva ou de uma estrela comum.

O suposto buraco negro foi detetado indiretamente pelo movimento de uma estrela companheira brilhante, que orbita um objeto compacto invisível por um período de, aproximadamente, 80 dias.

De acordo com o artigo científico publicado na Astronomy and Astrophysics, a equipa demonstrou que as medidas originais foram mal interpretadas e que a massa do buraco negro é muito incerta. No entanto, o mistério de como o sistema binário foi criado permanece sem resposta.

Um aspeto crucial é a massa do parceiro visível, a estrela quente LS V + 22 25, explica o Europa Press. Quanto mais massiva for a estrela, mais massivo será o buraco negro para induzir o movimento observado da estrela brilhante. A última foi considerada uma estrela normal, oito vezes mais massiva que o Sol.

Recentemente, a equipa das universidades alemãs analisou o espectro da LS V + 22 25, captado pelo telescópio Keck, no Havai. Os cientistas queriam estudar a abundância de elementos químicos na superfície da estrela.

Curiosamente, detetaram desvios na abundância de hélio, carbono, nitrogénio e oxigénio em comparação com a composição padrão de uma jovem estrela massiva.

O padrão observado na superfície mostrou cinzas resultantes da fusão nuclear de hidrogénio, um processo que ocorre apenas no núcleo de estrelas jovens, pelo que não seria esperado que fosse detetado na sua superfície.

“À primeira vista, o espectro assemelhava-se ao de uma jovem estrela massiva. No entanto, havia propriedades bastante suspeitas”, disse o cientista Andreas Irrgang, em comunicado.

Assim, os investigadores concluíram que a LS V + 22 25 deve ter interagido com o parceiro, e, durante esse episódio de transferência de massa, as camadas externas da estrela foram removidas e o núcleo de hélio despojado pode agora ser visto.

No entanto, as estrelas de hélio são muito mais leves do que as estrelas normais. Combinando os resultados com medições do telescópio espacial Gaia, os autores determinaram uma massa estelar de apenas 1,1 vezes a do Sol (com uma incerteza de +/- 0,5).

Este número resulta numa massa mínima de apenas 2-3 massas solares para o companheiro compacto, o que sugere que o companheiro pode não ser necessariamente um buraco negro, mas uma estrela massiva de neutrões ou até uma estrela “comum”.

ZAP //

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