Bruno de Carvalho é vítima de “assassinato de carácter”

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António Cotrim / Lusa

Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting

O advogado do ex-presidente do Sporting considerou, esta segunda-feira, que a acusação do Ministério Público (MP) sobre o ataque à academia em Alcochete “é um assassinato de carácter”.

“Trata-se de um assassinato de carácter e aqueles desgraçados [mais de 40 arguidos] apanharam todos por tabela”, afirmou Miguel Fonseca, durante as alegações finais do debate instrutório, que decorreram no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

O advogado pediu ao juiz Carlos Delca que revogue a medida de coação de apresentações diárias, afirmando: “Mesmo fazendo um esforço de boa-fé, não conseguimos ver qual o efeito da medida, para além da pura humilhação“.

Miguel Fonseca considerou que o MP “acusa com os pés” e consegue apresentar três teses para a atuação do ex-presidente do Sporting, indicando em simultâneo que “Bruno de Carvalho levou alguém a praticar o crime, que foram outras pessoas que levaram Bruno de Carvalho a cometer o crime e ainda uma tese mista”.

Depois de ler várias mensagens trocadas num grupo no Whatsapp, que constam na acusação, o advogado considerou que Bruno de Carvalho poderia ser a próxima vítima: “Mas alguém tem dúvidas de que o próximo a levar no lombo era Bruno de Carvalho?”.

No final da alegação, Miguel Fonseca voltou a referir que o processo “tem um alvo muito claro a abater”, pediu ao juiz que tenha “coragem, porque as pressões para pronunciar alguém são muito grandes”.

Bruno de Carvalho, o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido como Mustafá, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 de ofensa à integridade física qualificada, de 38 de sequestro, de um crime de detenção de arma proibida e de crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados. Mustafá está também acusado de um crime de tráfico de droga.

Ontem, o advogado do líder da Juve Leo, Filipe Coelho, voltou a apontar baterias a Cândida Vilar, acusando-a de “terrorismo oficial” contra o seu cliente e dizendo que a procuradora não teve coragem de ir a tribunal ouvir os argumentos dos advogados.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, a 15 de Maio de 2018, o MP imputa-lhes na acusação a co-autoria de crimes de terrorismo, de 40 crimes de ameaça agravada, de 38 crimes de sequestro, de dois crimes de dano com violência, de um crime de detenção de arma proibida agravado e de um de introdução em lugar vedado ao público.

Durante as alegações finais do debate instrutório, quatro advogados de arguidos do ataque também defenderam a nulidade da acusação, por entenderem que existiram ilegalidades na recolha de provas.

ZAP // Lusa

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