Brilho da colisão de planetas gigantes capturado pela primeira vez

Mark Garlick

A imagem mostra uma visualização do enorme corpo planetário luminoso produzido por uma colisão planetária. Em primeiro plano, fragmentos de gelo e rocha são projetados para longe da colisão e, mais tarde, cruzarão entre a Terra e a estrela hospedeira, que é vista ao fundo da imagem.

Colisão levou a um aumento do brilho e desvanecimento de estrela. Acredita-se que aproximadamente 99% das massas dos planetas gelados que colidiram foram incorporadas num novo planeta — cuja luz também foi detetada.

O rescaldo de uma colisão planetária colossal foi observada pela primeira vez.

A colisão de dois planetas gigantes levou ao ao súbito aumento de brilho e subsequente desvanecimento da estrela 2MASS J08152329-3859234 — agora renomeada ASASSN-21qj —, tanto em luz infravermelha como visível.

A estrela foi inicialmente observada a tornar-se substancialmente mais fraca em dezembro de 2021, um acontecimento raro que despertou o interesse dos astrónomos mundiais.

Telescópios adicionais a nível global começaram a monitorizar a estrela mais de perto. Observou-se que, 900 dias antes, a ASASSN-21qj tinha brilhado bastante no espectro infravermelho, mantendo-se assim até ao início do escurecimento ótico. O Dr. Matthew Kenworthy da Universidade de Leiden, coautor principal do estudo publicado na Nature, afirmou que a observação foi completamente inesperada.

Os cientistas acreditam que as flutuações na luz são o resultado de uma nuvem maciça de poeira gerada pela colisão. Inicialmente, a nuvem de poeira não estava na nossa linha de visão, mas a radiação da ASASSN-21qj aqueceu-a até 1.000 K (727ºC), fazendo-a brilhar no infravermelho.

Mais tarde, a nuvem obstruiu a luz da estrela, levando ao escurecimento observado em comprimentos de onda visíveis. Curiosamente, cerca de 100 dias após o escurecimento, a radiação infravermelha também começou a desvanecer-se — uma mera coincidência, segundo os investigadores.

Uma análise detalhada de Kenworthy e da sua equipa estima que os planetas que colidiram eram provavelmente gigantes gelados, maiores do que a Terra e semelhantes a Neptuno e Urano.

A colisão ocorreu entre 2 e 16 unidades astronómicas de ASASSN-21qj — uma gama comparável à distância de Marte a Urano no nosso Sistema Solar. Apesar de produzir uma quantidade colossal de poeira, acredita-se que aproximadamente 99% das massas dos planetas originais foram incorporadas num novo planeta, cuja luz também foi detetada.

A Dr.ª Zoe Leinhardt da Universidade de Bristol antecipa, segundo o IFL Science, que o material em torno deste novo planeta possa eventualmente formar luas e que a ASASSN-21qj tenha 300 milhões de anos, posicionando-a fora do período inicial de formação de planetas e sugerindo que possa estar a passar por uma fase semelhante ao Grande Bombardeamento Tardio do Sistema Solar.

A natureza extraordinária deste evento levanta novas questões sobre as formações planetárias e o seu destino eventual, tornando-se um marco significativo no campo da astronomia.

ZAP //

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