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Brasil saiu à rua para defender Sérgio Moro (e aplaudir a Lava Jato)

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Antonio Lacerda / EPA

Este domingo, milhares de pessoas encheram ruas por todo o Brasil em apoio ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, cuja imparcialidade foi posta em causa na operação anticorrupção Lava Jato. 

Dezenas de cidades brasileiras aderiram às manifestações de apoio à Lava Jato e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, na primeira grande demonstração pública desde que o Intercept Brasil divulgou uma série de alegadas mensagens, trocadas entre os procuradores da operação judicial e o ex-juiz, que colocaram em causa a sua imparcialidade na condução do julgamento que levou o antigo Presidente Lula da Silva à prisão e que o impediu de concorrer às presidenciais.

Os manifestantes, vestidos com as cores da bandeira do Brasil, desfilaram munidos de cartazes de apoio a Moro, onde louvaram a Lava Jato e criticaram o Partido dos Trabalhadores, negando as denúncias de perseguição política ao ex-chefe de Estado petista.

“Mexeu com Moro, mexeu comigo”, lia-se nos cartazes impugnados pela capital brasileira, enfeitada de bonecos insufláveis de Lula da Silva, vestido de prisioneiro, e de Moro, personificado de Super-Homem.

“Eu vejo, eu oiço”, agradeceu o ministro da Justiça no Twitter, acompanhando a mensagem com um vídeo das manifestações no Rio de Janeiro.

De acordo com o Público, as manifestações tinham como objetivo, inicialmente, apoiar Moro, mas logo se agregaram duas outras intenções: aplaudir o pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça no Congresso; e apoiar a reforma da Previdência – o sistema de segurança social brasileiro.

Os grandes mobilizadores das demonstrações foram os grupos Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e Movimento Nas Ruas, que nasceram e cresceram durante o processo que culminou com a deposição da ex-Presidente Dilma Rousseff, em 2013, e que se tornaram numa base de apoio importante do bolsonarismo e de Moro.

O intuito destes grupos é superar a participação popular das manifestações de 26 de maio, de apoio a Jair Bolsonaro – convocadas, por sua vez, como resposta aos protestos estudantis contra os cortes do Governo na Educação –, distribuídas por mais de 150 cidades.

Novo “vazamento”

Os protestos deste domingo aconteceram horas depois de o Intercept Brasil e de o jornal Folha de São Paulo terem divulgado novas mensagens trocadas pelos procuradores da Lava Jato.

As novas mensagens exibem agora a indignação dos procuradores com a possibilidade de Moro vir a integrar o Governo do grande beneficiário da proibição de participação de Lula nas presidenciais, Jair Bolsonaro.

Além disso, dão conta da desconfiança da acusação sobre os depoimentos da principal testemunha do caso do tríplex do Guarujá – pelo qual o ex-Presidente foi condenado, por corrupção e lavagem de dinheiro, a nove anos e meio de prisão.

“Se [Moro] aceitar [o cargo de ministro da Justiça] vai confirmar para muitos a teoria da conspiração. Vai ser um prato cheio. Às vezes, o convite, ainda que possa representar reconhecimento (merecido), vai significar para muita gente boa e imparcial, que nos apoia, sem falar da imprensa e o PT, uma virada de mesa, de postura, incompatível com a de juiz”, lamentou o procurador Antônio Carlos Welter, segundo as mensagens publicadas.

Acho péssimo. Vai queimar a LJ [Lava-Jato] Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo [Bolsonaro] é muito mal visto… se se juntar a ele vai queimar o Moro”, reagiu Laura Tessler, outra procuradora da operação judicial.

Por sua vez, Sérgio Moro e os seus apoiantes afiançam que o ex-juiz não fez nada de mal e que o teor das mensagens foi “adulterado” pelo “grupo criminoso organizado” que passou as mensagens ao Intercept Brasil.

ZAP //

5 Comments

      • Melhor para quem?!
        Com ministros ignorantes/fanáticos religiosos, a cortar na educação (que já era a o que se sabe!), a vender floresta protegida ao desbarato, a fazer/manipular a justiça na praça pública, etc, etc, não há dúvida que o Brasil está num “caminho melhor”… para o abismo, claro!!

      • Opiniões são isso mesmo, opiniões. Chamar de ignorantes quem não se conhece e baseado em noticias duvidosas para mim é que é ignorância.

      • Notícia duvidosas?!
        Por exemplo, confirmado pela própria Ministra louca:
        “Afinal, a ministra de Bolsonaro não tem formação académica. Títulos são “bíblicos”, defendeu”
        zap.aeiou.pt/ministra-bolsonaro-formacao-academica-239242
        O que é isto?!
        Num qualquer país civilizado esta “ministra pastora com curriculum falsificado (e que fala com Deus)” estaria internada – no Brasil é Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos!!
        Mas, de um governo que tem um slogan que mais parece o de uma seita religiosa tipo a IURD (“O Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”), o que se poderia esperar?…
        E aquele ministro da educação completamente ignorante e incompetente que entretanto até foi demitido pelo Bolsonaro; Também são “noticia duvidosas”??
        E isto? Também é estar num “caminho melhor”:
        Polémicas, pressões e conflitos. Seis meses de Bolsonaro
        tsf.pt/mundo/interior/polemicas-pressoes-e-conflitos-com-o-congresso-seis-meses-de-bolsonaro-11062834.html
        Pois…
        A realidade não muda só porque lhe chamamos “notícias duvidosas”!…

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