Afinal, autarca de Borba sabia que estrada estava em perigo desde 2014

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Nuno Veiga / Lusa

O Presidente da Câmara de Borba, António Anselmo, afirmou publicamente que não tinha conhecimento de que a estrada municipal entre Borba e Vila Viçosa, que ruiu, matando pelo menos duas pessoas, estava em perigo. Mas há uma acta municipal que o desmente.

A SIC teve acesso à acta de uma Assembleia Municipal da Câmara de Borba, no distrito de Évora, que atesta que o presidente da autarquia sabia desde 2014 que a estrada municipal que ruiu corria o risco de desabar.

Datada de 27 de Dezembro de 2014, a acta cita António Anselmo a revelar aos deputados municipais que tinha sido “informado” de que “havia um estudo da DRE [Direcção Geral de Economia] que informava que a estrada estava em perigo“.

Todavia, o autarca desvalorizou aquela informação, realçando que o problema “se arrasta há 10 anos” e perguntando até “agora é que está em perigo de cair?”. “A estrada só vai ser derrubada se estiver mesmo em perigo”, disse ainda António Anselmo.

O presidente da Câmara admitia que a autarquia podia “limitar o trânsito dos pesados” na estrada, caso recebesse “informações concretas dos técnicos sobre o verdadeiro perigo ali instalado”.

Nuno Veiga / Lusa

Em conferência de imprensa nesta segunda-feira, o dia em que a estrada ruiu, António Anselmo garantiu que “em termos legais e de conhecimento” a Câmara tinha a garantia de que “a situação estava perfeitamente segura”.

Todavia, uma outra reunião realizada em 2014, entre os proprietários de pedreiras da zona e técnicos da Direcção Geral de Energia e Geologia, terminou com a conclusão de que o melhor era encerrar a estrada, face ao perigo existente. Há um documento desse encontro que deixa mesmo o alerta de que se a estrada desabasse, a culpa seria da Câmara.

O colapso de um troço da estrada entre Borba e Vila Viçosa ocorreu nesta segunda-feira, pelas 15:45 horas, arrastando uma retro-escavadora com dois trabalhadores, e mais duas viaturas, um automóvel e uma carrinha de caixa aberta, para o poço de uma das pedreiras da zona.

Até ao momento, só foram retirados os corpos dos dois trabalhadores da retro-escavadora, que já tinham sido confirmados como mortos. Haverá ainda mais três pessoas no poço.

SV, ZAP //

11 Comments

  1. Querem “descentralizar” serviços centrais, nomeadamente serviços técnicos de segurança e passá-los para presidentes de Câmara sem formação e o resultado é esse. Isso sim é verdadeiro populismo

  2. Perante tão evidente laxismo surpreende-me como ainda não há culpados a fazerem companhia aos outros brincalhões de Alcochete, é que aqui existe crime com pelo menos cinco vidas acabadas ali num sofrimento atroz e poderiam ter sido mais. Impensável e arrepiante ver as imagens daquela “estrada” armadilha aberta ao público, isto é de loucos!

  3. Estranhamente ninguém diz nada sobre a responsabilidade das pedreiras em tapar os buracos que fizeram…
    Levam o lucro e depois quando já não dá para “sacar” mais, deixam as crateras e vão à “falência”!…
    Parece-me óbvio que os administradores das pedreiras devem ser os primeiros a ser chamados à responsabilidade.

  4. Nessa conferência também disse o Sr presidente que assumia as responsabilidades. Que pague então as indemnizações do próprio bolso.

  5. O ministro diz que o estado vai reforçar os taludes em risco com o dinheiro do “fundo do ambiente”… mas então os tipos enchem os bolsos com o que extraem dos buracos e a massa dos contribuintes é que paga os reforços e resolução dos buracos abertos?… é pá isto parece uma anedota… os gajos metem-nos o dedo mesmo até la´cima… aiaiaiaiaiaiaiaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

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