Nova arma inteligente da Ucrânia tem o dobro do alcance (e pode mudar o curso da guerra)

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George Ivanchenko / EPA

As novas bombas permitirão à Ucrânia atingir practicamente todo o território controlado pelos russos e obrigarão as tropas de Moscovo a recuar as linhas de abastecimento.

O próximo pacote de ajuda militar dos Estados Unidos para a Ucrânia deverá incluir uma nova arma que pode mudar o rumo da guerra.

Estas armas inteligentes são conhecidas como Ground-Launched Small Diameter Bomb (GLSDB) e consistem em bombas de precisão de 110 quilos, tendo um alcance de cerca de 150 quilómetros, practicamente o dobro de todas as outras bombas que os Estados Unidos forneceram até agora à Ucrânia.

As GLSDB podem ser disparadas com lançadores como o sistema HIMARS, que já está na Ucrânia. A bomba está equipada com “asas” que lhe permitem planar até chegar ao alvo e ainda um pequeno motor, relata o Wall Street Journal.

Isto permite fazer ataques com a mesma precisão que bombas lançadas de aviões, mas sem se colocar o piloto ou a aeronave em risco. A bomba tem um sistema de localização tão sofisticado que a margem de erro é menor do que a espessura de um pneu de um carro, de acordo com os fabricantes.

A munição combina uma pequena bomba originalmente desenhada para ser lançada de aviões com um rocket que permite dispará-la a partir de um sistema terrestre — e já consegue contornar obstáculos, como sistemas de defesa antiaérea.

A nova adição ao arsenal ucraniano começou a ser desenvolvida pela empresa sueca Saab e pela americana Boeing em 2014, mas esta é a primeira encomenda. Foi a própria Boeing que sugeriu ao Departamento de Defesa em Novembro que esta arma fosse enviada para a Ucrânia.

Recorde-se que, no Verão, quando os EUA enviaram HIMARS pela primeira vez para a Ucrânia, exigiram garantias de que o sistema só seria usado durante uma batalha.

Desde então, os responsáveis ucranianos têm repetidamente pedido mais armamento ao Ocidente e realçam a necessidade de receberem o Sistema Míssil Táctico do Exército (ATACMS), que tem um alcance de mais de 300 quilómetros.

Washington tem sempre negado o pedido por receios de que esta decisão gere uma escalada no conflito e seja interpretada como uma provocação pelo Kremlin — isto porque estaria a fornecer armamento não de defesa, mas de ataque, o que pode encorajar a Ucrânia a bombardear território russo. O ATACMS é também bastante mais caro do que o GLSDB.

A entrega destas novas bombas inteligentes chega depois de os EUA e os aliados europeus terem finalmente chegado a acordo para o envio de tanques Leopard para a Ucrânia, pondo fim a um impasse gerado pela hesitação da Alemanha.

Rússia repensa estratégia

Este reforço da artilharia ucraniana vai obrigar Moscovo a rever os seus planos. As tropas russas terão agora de afastar os seus mantimentos ainda mais da linha da frente, devido à possibilidade das novas armas poderem facilmente destruí-los.

Isto, por sua vez, vai deixar os soldados mais vulneráveis caso haja complicações na ofensiva. “Isto pode atrasar um ataque russo significativamente. Tal como o HIMARS influenciou significativamente o curso dos eventos, estes rockets podem influenciar ainda mais”, revela Andriy Zagorodnyuk, ex-Ministro da Defesa da Ucrânia, à Reuters.

“De momento não conseguimos alcançar as instalações militares russas a mais de 80 quilómetros de distância. Se conseguirmos chegar quase até à fronteira russa, ou até à Crimeia ocupada, então claro que isto vai diminuir o potencial dos ataques das forças russas”, considera ainda o analista militar ucraniano Oleksandr Musiyenko.

Crucialmente, a Ucrânia vai também conseguir chegar a todos os pontos da rota terrestre ocupada para a Crimeia, via Berdiansk e Melitopol. Assim, as tropas russas terão de levar os seus suprimentos para a ponte da Crimeia, que ficou muito danificada após um ataque em Outubro.

“A Rússia está a usar a Crimeia como uma grande base militar de onde envia reforços para as suas tropas na frente sul. Se tivéssemos mais 150 quilómetros, poderíamos alcançá-la e interromper a conexão logística com a Crimeia”, remata Musiyenko.

Adriana Peixoto, ZAP //

6 Comments

  1. “As GLSDB podem ser disparadas com lançadores como o sistema HIMARS, que já está na Ucrânia.”

    Mentira. Essas munições não são compatíveis com os HIMARS existentes na Ucrânia (e que já foram quase todos destruídos). Precisam de outro modelo. E as próprias munições ainda estão no estado de protótipos e ainda precisam de ser fabricadas. A propaganda estúpida é tão cansativa…

    • Os Leopard 2 nunca chegarão à Ucrânia, os Patriotas tb não, Os F16 tb não, estes foguetes com alcance de 150km e baixo custo tb não…mas qdo chegarem nos proximos meses, a superioridade intelectual dos militares Ucranianos vão pō-los em accão em poucos dias
      Com analistas Putinistas deste tipo a Rússia vai mesmo perder esta guerra

    • Se realmente a Rússia tivesse destruído um só himar,acha que não filmaria o sucedido?! Por curiosidade a sua esposa é russa,ou vive mesmo em outro mundo

      • Não mas deixa que os ucranianos filmam tudo … especialmente assassinatos, rapto de jovens de 15/16 anos para serem mandados para a linha da frente, ataques com armas químicas etc.

        Estamos em 2023 e se vives numa nação com electricidade 24/7, internet de alta velocidade, tens um QI que te permite ler, fazer algumas contas e não tens nenhuma doença mental degenerativa então IGNORÂNCIA … A TUA … É UMA ESCOLHA!

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