Há cada vez mais denúncias de casos de falsos veterinários a exercer funções clandestinamente. Para resolver o problema, a Ordem dos Médicos Veterinários criou um boletim sanitário único.
“Não podemos dizer que o número de casos está a aumentar, mas há mais denúncias e mais sensibilização”, reconheceu Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), em declarações ao Diário de Notícias. A denuncia destes casos levou a Ordem a tomar medidas para resolver o problema, antes que a situação se agravasse.
Como tal, em parceria com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, a OMV criou um novo boletim sanitário para cães e gatos, no qual serão registadas as vacinas do animal. Até ao momento, eram os próprios laboratórios farmacêuticos que forneciam estes boletins, dificultando a fiscalização e permitindo que estivessem acessíveis a todos.
Agora, com este novo boletim estandardizado, será muito mais difícil falsificar estes documentos — uma vez que tem um holograma e um número de série. Desta forma, “caso apareça um livro suspeito conseguimos saber o que se passou”, explicou Jorge Cid.
O bastonário fez o paralelismo com os animais de produção, que nos meios rurais é muito comum haver “sempre entendidos para resolver os problemas”, mesmo que não tenham curso na área. Relativamente aos animais de estimação, há “pessoas com outros cursos, nomeadamente relacionados com as ciências farmacêuticas, que vacinam e tratam animais sem a presença de um médico veterinário”, disse.
Muitas vezes são usados carimbos falsos nos boletins pelos usurpadores e são os próprios veterinários a reconhecer o problema e a denunciar à Ordem. “Põem em causa a saúde do animal com tratamentos que não são adequados, mas também a saúde pública, se forem usados antibióticos que não são necessários ou que não são adequados”, alertou Cid.
Os veterinários falsos praticam muitas vezes preços mais baixos para atrair clientes e, como esta é uma atividade onde não são feitos descontos, torna-se muito atrativa para os tais usurpadores de funções.
Jorge Cid explica que a OMV encaminha as denúncias para o Ministério Público, mas que muitas vezes os processos acabam arquivados ou demoram tanto tempo que a pessoa continua a exercer ilegalmente.
O novo boletim será obrigatório até 2021, obrigando os donos a trocar o livro de vacinas antigo pelo novo boletim sanitário que entrou em vigor no dia 1 de junho. Sempre que o animal seja vacinado ou sujeito a uma intervenção médica é necessário apresentar o novo documento.