28 anos depois, Portugal volta a ter um casamento real. A Infanta Maria Francisca de Bragança casa com o advogado Duarte Martins numa “festa tipicamente portuguesa”, com arraial para o povo, ostras para os convidados e uma polémica com voluntários.
Depois da boda de D. Duarte Pio e de Isabel de Herédia, em Maio de 1995, o país volta a viver a alegria de um casamento real. Os Duques de Bragança casam a filha Maria Francisca, de 26 anos, neste sábado.
A data foi escolhida por ser o dia de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora do Ramelau – foi no Monte Ramelau, em Timor-Leste, que o noivo pediu a Infanta em casamento, a 2.963 metros de altitude, no início de Dezembro de 2022.
A cerimónia religiosa realiza-se a partir das 15 horas na Basílica do Palácio Nacional de Mafra e será presidida por Dom Manuel Clemente, cardeal-patriarca emérito.
Vai ter transmissão em directo na televisão e será exibida em dois ecrãs gigantes no Terreiro D. João V, em frente ao Palácio, onde se vai realizar também um arraial popular.
Curiosamente, a boda real acontece dois dias depois de Portugal assinalar a Implantação da República, a 5 de Outubro.
A Infanta é a filha do meio de D. Duarte, mas é a última na linha de sucessão entre os filhos do herdeiro da coroa portuguesa, atrás de Um dado que se deve ao facto de ser mulher, uma vez que a Carta Constitucional de 1826 determina que os sucessores homens têm preferência na sucessão ao treino.
Dois vestidos de noiva e a tiara de D. Amélia
Maria Francisca vai usar dois vestidos durante a boda, um na cerimónia religiosa e outro no copo-de-água, sendo ambos desenhados por Luzia do Nascimento, a estilista predilecta da sua mãe.
O véu será o mesmo que a mãe usou no seu casamento com D. Duarte Pio.
A Infanta vai ainda usar a mesma tiara que a mãe usou quando se casou e que pertenceu a D. Amélia, a última rainha consorte de Portugal e que era madrinha de D. Duarte Pio. O Duque de Bragança herdou a joia da coroa após a morte de D. Amélia.
A tiara tem 800 diamantes sobre ouro e prata e foi uma prenda do rei Luís I para a sua nora, a então princesa Amélie de Orléans que se tornaria rainha de Portugal após o casamento com D. Carlos, em 1886.
Um menu com ostras, bacalhau e dois bolos
O menu é tipicamente português, tendo sido elaborado pelo conhecido chef Hélio Loureiro que há vários anos colabora com a Casa Real Portuguesa. Inclui pratos como pastéis de bacalhau, bacalhau à brás e pastéis de nata.
Mas também tem porco bísaro de Bragança, vitela barrosã de Boticas e ostras da ria de Aveiro. Ou ainda cachorros quentes e mini-hambúrgueres.
Também haverá dois bolos, ambos confeccionados pela equipa de Hélio Loureiro.
O bolo que será servido aos cerca de 1200 convidados presentes tem algo como 150 quilos, 500 ovos e é uma receita conventual de ovos moles. Tem quatro andares e uma base em prata e filigrana de Gondomar.
Há outro bolo idêntico que será distribuído pela população presente na festa popular em frente ao Palácio, e que será cortado pelos noivos, com uma espada, após a cerimónia religiosa.
Arraial para o povo com porco no espeto
A par do copo-d’água para os convidados do casal, haverá uma festa para a população em frente ao Palácio Nacional de Mafra.
Está prevista a presença de duas dezenas de tunas e de ranchos folclóricos.
O arraial terá porco no espeto e haverá recordações sobre o casamento real, incluindo uma caixa de cartas e um saleiro, desenhados pela Vista Alegre e com o brasão da família Bragança.
As prendas
Apesar da linhagem real, os noivos são como todos os outros e pediram, na lista de presentes, vários objectos que ajudam a começar a sua nova vida de casados.
Esta lista de presentes ultrapassa os 33 mil euros, segundo as contas do Observador.
Entre os itens pedidos pelos noivos estão, por exemplo, dois serviços de mesa da Vista Alegre que podem custar mais de 13 mil euros.
Há ainda vários eletrodomésticos, como uma máquina de café, uma fritadeira de ar quente, um aspirador robô, uma placa de indução, uma garrafeira refrigerada e uma máquina de lavar.
Mas também pedem móveis como cadeiras, uma estante, um aparador e sofás, ou ainda um tapete kilim que custa mais de 500 euros.
Uma polémica pelo meio
E como não podia deixar de ser, o casamento real está também envolvido no meio de uma polémica. Tudo por causa do pedido de voluntários que foi feito para ajudar a organizar o arraial popular.
“Quem pediu foi a Real Associação, a Juventude Monárquica, que são instituições independentes e que quiseram associar-se ao casamento, a fazer animação de rua com os recursos próprios”, explicou D. Isabel de Herédia em entrevista ao programa “Goucha” da TVI.
“Eles fizeram essa campanha para a organização deles, quer de donativos“, destacou a mãe da noiva, notando que quiseram “dar aos portugueses, que quisessem participar, uma festa lá fora”.
“Houve um mal-entendido e quem quer também trocar as coisas e ser mauzinho confunde as coisas, como se estivéssemos a pedir patrocínios, o que não é o caso”, explicou também D. Isabel de Herédia.
“Temos alguns amigos que nos quiseram oferecer, como por exemplo o chef Hélio Loureiro que quis oferecer, fez questão porque é muito amigo nosso, de longa data”, revelou ainda.
Lua-de-mel em Marrocos e vida em Londres
Após a boda, o casal vai passar a lua-de-mel em Marrocos por “solidariedade” para com as vítimas do sismo que ocorreu neste país, e para poder ajudar na reconstrução do país, conforme disse a mãe da noiva.
Os recém-casados vão viver em Londres a partir de Janeiro de 2024, onde Duarte Martins vai continuar a carreira como advogado na área dos mercados de capitais e fusões.
A Infanta que estudou Comunicação Social e Cultural revelou, em entrevista a Manuel Luís Goucha na TVI, que vai dedicar-se ao prémio Dona Maria Francisca.
A sua ideia é “trabalhar com a Faculdade de Belas Artes, Museus“, com “um júri”, para escolher “um aluno, que se tenha inscrito”, para receber o prémio e ter “uma exposição”.
Maria Francisca também revelou ao apresentador que quer ter “uma família grande”, com cinco filhos “no mínimo”.
Grande mulher. Quer 5. Eu por mim já ia no segundo mas ela só quer 1.