Momento alto de Biden, que quis “acordar o Congresso” – e foi interrompido

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Michael Reynolds / EPA

Joe Biden no discurso do Estado da União

Alerta sobre ataques à democracia e Trump fora (mas dentro) do discurso. Um dos momentos altos do presidente dos EUA.

O Presidente norte-americano abriu o discurso anual do Estado da União com um alerta sobre como a “liberdade e a democracia estão a ser atacadas” no país e no mundo.

“Enfrentamos um momento sem precedentes na história da União. E sim, o meu objetivo esta noite é acordar este Congresso e alertar o povo americano de que este não é um momento comum. Desde o Presidente Lincoln e a Guerra Civil que a liberdade e a democracia não eram atacadas aqui em casa como são hoje”, disse Joe Biden, no terceiro discurso do Estado da União, na quinta-feira à noite.

Biden comparou os dias de hoje com o período anterior à II Guerra Mundial, quando Adolf Hitler marchava na Europa, e considerou que agora é o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, quem pretende conquistar mais terreno na Europa.

“O que torna o nosso momento raro é que a liberdade e a democracia estão sob ataque, tanto a nível interno como no estrangeiro, ao mesmo tempo. No exterior, Putin está em marcha, invadindo a Ucrânia e semeando o caos por toda a Europa e além dela. Se alguém nesta sala pensa que Putin irá parar na Ucrânia, garanto-vos que não o fará”, alertou, sendo aplaudido de pé pelos democratas presentes no salão.

Biden prometeu que os soldados dos Estados Unidos não irão para a Ucrânia e reforçou os apelos para mais ajuda a Kiev.

Israel

O presidente norte-americano exigiu a Israel, no discurso do Estado da União, que não use a ajuda humanitária a Gaza como “moeda de troca” e permita a entrada de alimentos e medicamentos no enclave.

“Aos líderes de Israel digo isto: a assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária ou uma moeda de troca. Proteger e salvar vidas inocentes tem de ser uma prioridade”, instou Joe Biden na última noite, durante o discurso anual sobre o Estado da União perante o Congresso norte-americano.

Joe Biden garantiu estar a trabalhar “sem descanso” para um cessar-fogo imediato e temporário em Gaza, que permita a libertação dos reféns do grupo islamita palestiniano Hamas e a entrada de ajuda humanitária no enclave.

Como parte desses esforços, o chefe de Estado anunciou que os militares norte-americanos começarão a estabelecer um porto na costa da Faixa de Gaza, para receber grandes remessas de alimentos e materiais médicos extremamente necessários.

“Esta noite, ordeno ao Exército dos Estados Unidos que lidere uma missão de emergência para estabelecer um cais temporário no Mediterrâneo, ao largo da costa de Gaza, que possa receber grandes navios que transportam alimentos, água e medicamentos”, anunciou.

O presidente disse que esta operação não vai exigir o envio de soldados norte-americanos para o terreno.

“E Israel também deve fazer a sua parte. Israel deve permitir mais ajuda a Gaza e garantir que os trabalhadores humanitários não sejam apanhados no fogo cruzado”, pediu Biden.

A única solução real para o conflito, acrescentou o Democrata, é uma solução de dois Estados.

As declarações de Biden foram precedidas por um grande protesto pró-palestiniano que bloqueou a principal avenida que leva ao Congresso norte-americano, em Washington, para exigir o fim da operação israelita na Faixa de Gaza.

Além disso, enquanto Biden discursava, membros do Congresso seguravam cartazes pedindo um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas.

Interrompido por Marjorie

Um dos momentos mais tensos da noite foi quando o presidente foi interrompido pela congressista de extrema-direita Marjorie Taylor Greene, que o questionou sobre o homicídio de uma jovem na Geórgia, alegadamente às mãos de um imigrante venezuelano.

“Laken Riley era uma jovem inocente que foi assassinada por um ilegal. É verdade”, concordou Biden, questionando quantos milhares de pessoas foram assassinadas por ilegais.

Mais tarde, o presidente foi criticado por alguns democratas pelo uso da palavra “ilegal” para se referir a pessoas que entram no país sem documentos, um termo amplamente rejeitado por organizações internacionais e de direitos humanos.

Idade

A idade não é um assunto prioritário para Joe Biden, de 81 anos: “A questão que a nossa nação enfrenta não é a nossa idade, mas a idade das nossas ideias”.

“Queremos desenhar um futuro baseado nos valores fundamentais que definem a América: honestidade, decência, dignidade e igualdade. Agora, outras pessoas da minha idade vêem uma história diferente: uma história americana de ressentimento, vingança e retribuição. Este não sou eu”, acrescentou, referindo-se a Donald Trump – nome nunca mencionado no discurso, embora o “antecessor” tenha sido constantemente atacado.

Momento alto do mandato?

Na CNN, destaca-se que este foi um dos discursos mais importantes de Joe Biden enquanto presidente dos EUA.

Começando precisamente pela idade, Biden protagonizou um discurso enérgico e firme. “Saiu disparado e fez um discurso enérgico que estava muito longe de alguns dos seus esforços mais moderados que preocuparam os seus apoiantes. A maior parte do discurso foi proferida em volume alto”, lê-se.

O discurso foi muito político, com Trump no centro deste momento, embora sem se ouvir o seu nome. Foi também livre e imprevisível, não seguiu o tom sóbrio, previsível, como era habitual. Desviou-se do guião, improvisou, fez jogos de palavras com os republicanos.

Joe Biden centrou-se em questões internas, mas também externas. Reforça que os EUA devem liderar em assuntos internacionais, e tentou mostrar trabalho feito, com a “maior história de recuperação nunca contada”, tentando contrariar o que considera ser uma cobertura mediática persistentemente negativa.

ZAP // Lusa

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